O combate às pragas pode ser uma dor de cabeça para produtores e consumidores. Quanto maior a capacidade de lidar com o risco, menores as chances de importarmos uma praga de importância econômica e alto poder destrutivo.

Mapeamento e Análise Preditiva de Pragas

Uma pesquisa, capitaneada pela Embrapa Territorial, mapeou algumas regiões do Brasil e janelas do ano em que algumas pragas encontrariam um ambiente favorável para seu desenvolvimento. Informações como condições climáticas, presença de cultivos hospedeiros, faixas de temperatura e umidade, foram utilizadas.

Além disso, o estudo considerou a adequação ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), listando potenciais inseticidas e agentes de controle biológico a serem empregados, e em quais locais essas estratégias de controle seriam mais eficazes.

Pragas de Importância Econômica

A pesquisa envolveu três insetos-praga de importância econômica para a fruticultura, que causaram grandes prejuízos a outros países:

• Mosca-das-frutas-oriental: período entre julho e outubro como o mais propício ao desenvolvimento dessa praga, que ataca uma ampla variedade de culturas, cujos zoneamentos identificaram como favoráveis importantes microrregiões produtoras de frutas no Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
• Mosca-das-frutas-do-mamão: principal praga do mamoeiro no exterior, a praga também ataca a manga e encontraria condições favoráveis nas Regiões Sudeste, Sul e Nordeste. Áreas próximas a países sul-americanos, onde a praga já está presente, também foram identificadas como vulneráveis.
• Traça europeia dos cachos da videira: praga que ataca cultivos como ameixa, amora, caqui, kiwi, oliveira, pêssego, maçã, nectarina, pera e uva. Considerando apenas a uva como hospedeira, o mapeamento identificou que nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, durante todos os meses do ano, as pragas encontram condições favoráveis.

Como o Mapeamento Funciona?

Os dados coletados são combinados a séries históricas de registros climatológicos e o mapeamento da presença das plantas hospedeiras no Brasil, de modo que, mês a mês, sejam identificados os municípios onde há condições favoráveis para o desenvolvimento das pragas.

Os resultados do mapeamento são enviados aos órgãos responsáveis por ações de monitoramento, prevenção e controle fitossanitário, para uma tomada de decisão eficaz, com base em dados.

Contingenciamento de Risco

Por se tratarem de pragas quarentenárias e ausentes do território nacional, faz-se necessário, além do monitoramento, o conhecimento das melhores práticas de manejo disponíveis para o controle eficaz. No entando, isso pode implicar o uso de produtos químicos ou biológicos ainda não registrados e autorizados para o seu controle no Brasil.

De forma preventiva, a Embrapa avaliou os principais princípios ativos utilizados para controle de Lobesia botrana, Anastrepha curvicauda e Bactrocera dorsalis, considerando propriedades físico-químicas e potencial de impacto ambiental, como lixiviação e escoamento superficial.

Além disso, o controle biológico de pragas com a utilização de inimigos naturais foi adicionado ao plano de contingenciamento. Foi selecionado pelo menos um inimigo natural para cada praga estudada para identificar as áreas favoráveis em que os agentes biológicos combativos, já existentes no Brasil, possam ser mais eficazes.

Impactos na Sustentabilidade do Agro

A tecnologia de monitoramento e uma boa análise de dados, agindo em conjunto com a inteligência artificial, inauguram uma nova fase no controle de pragas no agronegócio brasileiro. Já que inicia o manejo enquanto as pragas são apenas um risco e ainda não tornaram-se ameaças.

Ações preventivas custam menos e têm menor impacto ambiental que ações corretivas. Por isso ajudam tanto na competitividade do agro quanto na sustentabilidade do processo e reputação do setor.