Processamento de soja gera 4,45x mais PIB e quase 5x mais empregos

O setor brasileiro da oleaginosa e de biocombustíveis demonstra resiliência e avanço, com projeção de crescimento de 11,29% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, alcançando um valor de R$ 779,2 bilhões. Esse resultado é fundamental, representando 21,1% do PIB total do agronegócio nacional.

A força da produção, que atingiu um recorde de 170,3 milhões de toneladas na safra 2024/2025 , foi o principal motor da expansão projetada, compensando a instabilidade nos preços. O segmento de agroindústria apresentou uma revisão positiva nas taxas de crescimento do PIB, impulsionada pelo esmagamento do grão.

Esses dados demonstram o impacto da cadeia produtiva da soja na economia e no resultado do agronegócio nacional, conforme aponta o Relatório Cadeia da soja e do biodiesel (Abiove), segundo semestre de 2025.

Veja: Porque a mão de obra da pecuária está migrando para a agricultura?

O Valor da Transformação Industrial

O processamento do grão no país é uma estratégia de continuidade de negócios que agrega significativamente mais valor e cria ocupações, quando comparado à simples exportação da commodity in natura. Os dados de Cepea e ABIOVE demonstram a relevância da verticalização da produção:

• Agregação de Riqueza: O PIB gerado por cada tonelada de soja produzida e processada (R$ 8.872/t) é 4,45 vezes maior do que o PIB obtido pela produção e exportação direta do grão (R$ 1.994/t).
• Geração de Ocupações: A agroindústria gera 21,1 postos de trabalho por mil toneladas processadas, enquanto o setor primário (produção para exportação direta) gera 5,6 ocupações. No total, o processamento multiplica o número de postos de trabalho por 4,78 vezes.

Entenda o Impacto das Exportações na Geração de Empregos do Agro

Dinâmica da Renda e do Emprego por Segmento

Apesar da estabilidade dos preços médios no agregado da cadeia, a expansão produtiva garantiu que a renda revertesse uma sequência de três anos de queda, crescendo 11,19% em 2025. O cenário é misto na dinâmica de ocupação:

• Soja em Grão: A renda cresceu 17,60% devido ao volume, mas os preços relativos caíram -4,70%. O número de pessoas ocupadas reduziu 15,58% (-69.304 pessoas), indicando um aumento de produtividade do trabalho. No Rio Grande do Sul, houve uma perda expressiva de 11.736 ocupações, atribuída à quebra de safra por questões climáticas.
• Biodiesel e Rações: O segmento de biodiesel viu sua renda avançar 21,73% , mantendo-se em evidência apesar de uma queda acentuada nos preços no segundo trimestre. A produção no primeiro semestre de 2025 superou o período anterior. Já a agroindústria fechou com um saldo positivo leve (+0,74% em ocupação) , pois os segmentos de rações e biocombustíveis compensaram a retração no esmagamento.
• Agrosserviços: Este setor foi o principal motor do aumento total de ocupações na cadeia, crescendo 9,96% (+156.013 pessoas), em resposta direta ao maior volume de produção e processamento do grão.

Preços e Futuro

A cotação do grão para o produtor foi inicialmente pressionada no primeiro trimestre pela safra recorde nacional, pelo avanço da colheita sul-americana e pela valorização cambial. Contudo, o preço se recuperou no segundo trimestre, impulsionado pela demanda aquecida, boas perspectivas de vendas para o mercado chinês e alta internacional do óleo.

Empresas como a ABIOVE e Cepea indicam que as projeções de renda podem ser revistas para cima no próximo trimestre, devido à dinâmica mais favorável dos preços do grão e do óleo observada em julho e agosto. O avanço da produção de biodiesel no primeiro semestre superou a do ano anterior, e o volume voltou a crescer com a entrada do B15 em agosto, um efeito que ainda será incorporado nas próximas estimativas.

Leia também: Produção de Biocombustíveis no Agro Americano Marca Novo Posicionamento das Cadeias Produtivas.