Queda nos Custos de Produção é boa para Pecuaristas e Consumidores
O AgroMensal Boi do Cepea Esalq/USP de Julho de 2023, apontou uma redução nos custos de produção do sistema de cria e recria. A queda aliviou os pecuaristas que sofriam com a queda contínua no preço da carne.

Os consumidores festejam a queda no preço da carne, e os pecuaristas a queda nos custos de produção.
O AgroMensal Boi (Julho/23) do Cepea Esalq/USP apontou uma queda nos custos de produção da carne bovina no sistema de cria e recria. A principal contribuição foi a redução nos custos de insumos para suplementação e dieta do gado. Para se ter uma ideia, no sistema de cria o COE (Custo Operacional Efetivo) teve uma redução de cerca de 3%, na média do Brasil. O Sistema de recria e engorda teve uma redução média de 10%, puxada, entre outros fatores, pela redução do valor nos animais de reposição.
A publicação dos índices demonstra que houve um certo alívio aos produtores, que puderam equilibrar melhor as contas. Já que o cenário da exportação de carne bovina do Brasil mudou bastante no ano de 2023. O volume exportado no primeiro semestre não se repete no segundo, conforme as estimativas. A desvalorização do dólar frente ao real e uma grande oferta de animais prontos ao abate, são fatores que ajudaram a empurrar o preço do produto para baixo.
Os consumidores comemoram a queda nos preços da carne bovina.
Os consumidores comemoram, mas nem sempre a queda é um bom indicador, se não vier acompanhada de queda nos custos de produção. A carne bovina tem características muito específicas que compõe os custos durante sua produção. É um produto que tem bastante valor adicionado, ao longo de um ciclo extenso de 24 meses (em média).
Muitas mudanças ocorrem ao longo desses dois anos, inclusive instabilidade no mercado internacional, variação de custos do combustível, energia, fertilizantes e tantos outros insumos que impactam na criação e engorda do gado. Junto a isso, adiciona-se uma série de riscos inerentes à criação e comercialização dos animais, que estão sempre presentes durante todo o ciclo da produção da proteína.
Quando nasceu o bife que você viu hoje no supermercado?
Imagine que você foi ao mercado hoje e viu uma embalagem com 900g de carne. Ela provavelmente tem sido cuidada desde dois anos atrás. Agora tente imaginar como era o mundo há dois anos. A proteína disponível hoje nos supermercados é uma sobrevivente de uma série de obstáculos ao longo de uma cadeia produtiva. Os preços cobrados hoje, nem sempre refletem o custo total para a produção daquela carne.
Por isso é imprescindível que a queda dos preços da carne sejam acompanhadas de uma queda nos custos de produção. Pois a carne bovina é um produto de ciclo longo, demanda elástica e muito valor adicionado. O alto risco de negócio é um dos componentes de preço também.
Como a Redução de Custos Reverbera nas Gôndolas?
Nem sempre uma redução nos custos de produção chega às gôndolas dos supermercados. Isso se deve às características da proteína bovina. Ao contrário das proteínas de frango e porco, que tiveram também uma queda nos custos de produção, o gado tem demandas mais complexas. Quando a renda cai, o consumo da carne de boi diminui, e isso favorece o frango e o porco na dieta dos brasileiros.
Quando o preço das carnes de boi, frango e porco caem, o boi recupera terreno. Porém frango e porco, tendem a ganhar mercado. O ciclo bem mais curto dos produtos granjeiros permite uma correção mais rápida dos custos, levando ao consumidor um preço mais estável.
Com o boi ocorre o contrário, motivo pelo qual a redução dos custos nem sempre se reflete nas prateleiras. Algumas vezes elas apenas trazem algum alívio para o produtor. No entanto, são indispensáveis ao pecuarista, na manutenção de margens suficientes para compensar todo o risco de negócio. Sendo uma forma de manter a pecuária sustentável a longo prazo, e a carne bovina disponível aos consumidores.
A redução do custo de produção da carne bovina é boa para todos, principalmente para a manutenção da cadeia produtiva.