Cientistas Resolvem o Gargalo da Reprodução do Pirarucu e Cultivo pode Deslanchar.
Pesquisadores Desenvolveram Manejo que Permite Multiplicar a Reprodução em 3,5 vezes, Aumentando a Taxa de Sucesso e Alavancando Margens no Cultivo do Pirarucu.

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A Reprodução do Pirarucu é um dos maiores desafios ao desenvolvimento do cultivo que, por enquanto, limita-se a R$ 35 milhões de reais em valor de produção, para 1.950 toneladas, ou seja, um rendimento de R$ 18,44 reais por kg (IBGE, 2024).
Entre os principais produtores destacam-se o Estado de Rondônia (915.694 kg) Mato Grosso (324.272 kg) e Pará (143.700 kg). Juntos, esses Estados representam 71% da produção nacional.
Reprodução do Pirarucu é Gargalo para o Cultivo
O pirarucu é um peixe de grande interesse econômico devido a sua rusticidade e ao crescimento acelerado. Para termos ideia, os peixes podem atingir de 7 a 10 kg em apenas um ano, o que confere vantagens competitivas à espécie na produção de biomassa.
Apesar de grande potencial econômico, o cultivo do Pirarucu enfrenta desafios fundamentais, diagnosticados pelo Panorama da Cadeia Produtiva do Pirarucu (Embrapa, 2016). Estudo que abordou as tecnologias de cultivo e inovações da piscicultura voltada à espécie.
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Segundo o estudo, os principais entraves à criação do Pirarucu no formato comercial são:
- Baixo domínio sobre a reprodução em cativeiro: Este é apontado como o entrave tecnológico mais crítico.
- Baixa e descontínua oferta de alevinos no mercado: Decorrente do problema de reprodução, essa escassez leva a um aumento no preço desse insumo.
- Alto custo do alevino: Corresponde a quase 25% do Custo Operacional Efetivo, o que contribui significativamente para reduzir a margem de lucro dos produtores.
- Baixa eficiência produtiva do plantel de reprodutores nas propriedades de reprodução.
- Necessidade de melhorias na prática de formação de casais para reprodução.
- Falta de contratação e treinamento de mão de obra para a condução do processo de treinamento alimentar dos alevinos.
- Potencial de melhoria no manejo da alimentação e da água para otimizar a conversão alimentar e reduzir os custos de produção.
Maiores Dificuldades Giram em Torno da Reprodução
Como pudemos observar, a maior parte dos problemas de escala da cadeia produtiva está ligada à reprodução dos peixes, um gargalo tão fundamental que inviabiliza a atratividade econômica do setor.
O relatório analisou os dados da Composição do Custo Operacional Efetivo na produção do pirarucu em Ariquemes (RO) e concluiu que os alevinos representam quase 25% do COE. Em outras palavras, um quarto do custo operacional é para dar escala de produção dentro do viveiro, cuja alimentação representa 55,7% do COE.
Para efeitos de estudo, a pesquisa comparou o cultivo de pirarucu e tambaqui. O tambaqui apresentou COE (Custo Operacional Efetivo) de R$ 3,6 reais por quilo com receita de R$ 4,56 reais por quilo. Já o pirarucu apresentou COE de R$ 8,58 reais por quilo e receita de R$ 8,7 reais por quilo.
Manejo de Reprodução Artificial Desponta como Solução
A pesquisa sobre a reprodução artificial do pirarucu foi realizada pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Instituto Norueguês de Pesquisa Alimentar (Nofima), em colaboração com a Piscicultura Raça (MT), Primar Aquacultura e a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR).
O estudo faz parte do projeto Aquavitae, um consórcio científico mundial, voltado ao desenvolvimento da aquicultura no Atlêntico. Ao todo, são 29 instituições de 16 países da região do Atlêncico envolvidos.
Novas Técnicas de Reprodução
O primeiro fato que chama a atenção é o ineditismo, já que é a primeira vez que pesquisadores descreveram as células espermáticas do pirarucu e comprovaram a viabilidade da coleta de sêmen.
Após a coleta de sêmen viável e descontaminado de urina, havia o problema da sexagem. Que foi resolvido através do método de canulação, que permite distinguir o sexo e verificar o grau de maturidade das fêmeas, com 80% a 100% de acerto.
A aplicação da canulação elevou as reproduções por casal em até 3,5 vezes, saltando de duas para até sete por ano. O que aumenta exponencialmente a escala de alevinos e ataca seriamente o gargalo dos 25% de custo operacional efetivo com alevinagem.
Reprodução Artificial de Pirarucu deve Avançar Mais
O próximo passo é a Criopreservação de sêmen, que vai permitir não só o aumento da escala de reprodução, mas viabiliza a variedade de material genético disponível.
Dessa forma, a cadeia produtiva pode expandir para unidades especializadas em alevinagem e melhoramento genético, não apenas em criatórios de cria e recria.
O que dará novo impulso à produtividade do pirarucu no Brasil e aumentará a oferta de proteína animal saudável disponível nos mercados. Os efeitos benéficos de uma cadeia produtiva robusta e atrativa todos conhecemos: qualidade, emprego, renda e sustentabilidade.
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REFERÊNCIAS: IBGE – Produção Agropecuária / Estado do Amapá.