Bioinseticida para Lagarta-do-Cartucho tem Potencial Para o Mercado Bilionário de Bioinsumos
Embrapa desenvolve bioinseticida direcionado ao controle da lagarta-do-cartucho, com potencial de atender outros países e fazer parte do bilionário mercado global de bioinsumos.
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O segmento de bioinsumos tem chamado a atenção das empresas e investidores pelo potencial de negócios que apresenta. O mercado global já superou a marca de US$ 10 bilhões de dólares com soluções para controle de pragas e doenças, inoculantes, bioestimulantes e solubilizadores (Embrapa, 2025).
Segundo os dados da Esalq/USP, o registro de produtos biológicos registrados para o manejo de pragas, no Brasil, já supera o de agroquímicos. Vale lembrar que o país é referência mundial na pesquisa agropecuária e exporta bioinsumos para diversos países, inclusive Estados Unidos.
Além da excelência dos pesquisadores brasileiros, outro fator que aproxima o Brasil dos mercados globais de biotecnologia é a sua vasta área para validação de resultados. Nosso agro é um campo extenso com variedade de lavouras, commodities e latitudes, referenciando a eficácia de nossa tecnologia em variadas condições.
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Avanço da Lagarta-do-cartucho Preocupa Agricultores
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é considerada uma das principais pragas do milho. O inseto ataca as partes produtivas da planta e tem alto potencial de danos. Além do milho, também pode atacar outras commodities importantes como a soja, o algodão, o trigo e as pastagens.
Nos últimos anos a praga tem crescido substancialmente no Brasil tendo como causa, entre outros fatores, o cultivo de plantas resistentes a outras lagartas, sem o manejo correto de defensivos e também das próprias biotecnologias.
“O aumento da incidência da Spodoptera frugiperda, até mesmo em áreas cultivadas com plantas contendo biotecnologias, impacta os custos de produção, pela necessidade de inúmeras aplicações de agroquímicos. Isso nos levou a procurar soluções viáveis de controle da praga”.
Álvaro Salles, diretor executivo do IMAmt e da Comdeagro.
Embrapa Lança Bioinseticida para Lagarta-do-Cartucho
Neste contexto, a parceria público-privada, entre a Embrapa Milho e Sorgo, o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), desenvolveu uma solução personalizada para combater a praga.
Trata-se de um bioinsumo desenvolvido a partir de um vírus entomopatogênico, que afeta o inseto-alvo, realizando o controle biológico da lagarta-do-cartucho com até 85% de eficácia. O que deve auxiliar o manejo em mais de 200 culturas de importância socioeconômica.
Tecnologia Sustentável no Controle Biológico de Pragas
A solução, comercializada sob o nome de Virumix, é específica para a lagarta-do-cartucho e inofensiva a plantas, animais e humanos. Preservando outros inimigos naturais do inseto, com custo acessível aos agricultores, o que oferece maior capilaridade à tecnologia.
“É um produto bastante seguro contra a Spodoptera frugiperda. Nos nossos ensaios – a maioria com algodão e milho – constatamos alto desempenho e estabilidade, quando aplicado de forma correta, mesmo quando comparado com outros produtos de características semelhantes”.
Jacob Crosariol Netto, entomologista do IMAmt.
Além de seguro, oferece diversas vantagens financeiras e ambientais para a adoção nas lavouras, pois reduz custos de produção decorrentes da necessidade de múltiplas aplicações de agroquímicos para combater a lagarta, quando adotados os procedimentos adequados.
“O processo deve considerar alguns fatores importantes e o primeiro deles é que a cultura deve ser monitorada semanalmente para se detectar o nível de ataque da lagarta-do-cartucho desde os estágios de desenvolvimento iniciais das plantas. O controle será melhor enquanto as lagartas estiverem com menos de 1,0 cm. Além disso, o horário da aplicação deve ser realizado nos períodos em que a temperatura esteja mais baixa, no início da manhã ou após as 16 horas”.
Fernando Hercos Valicente, pesquisador da Embrapa.
Brasil Amplia Portfolio de Biotecnologia
O desenvolvimento do bioinsumo para combater a Spodoptera frugiperd amplia o portfolio de soluções brasileiras para o mercado global de bioinsumos. O que deve abrir novas perspectivas para investimentos em um mercado fornecedor de produtos de maior valor agregado no Brasil, como a biotecnologia.
Em outra pesquisa capitaneada pela Embrapa, os pesquisadores desenvolveram um plano de negócios para uma planta de bioinseticidas de, aproximadamente, 120 metros quadrados. Conforme os dados, uma Fábrica de Bioinseticida Pode Faturar até 18 milhões de Reais Anuais e pode alavancar o interesse de investidores no mercado que surge.
“O desenvolvimento e lançamento comercial desse novo produto tecnológico, agora em escala TRL 8 (sistema completo, testado, qualificado e demonstrado), comprova a relevância da inovação aberta para a agricultura tropical a partir de tecnologias de alto impacto para o Brasil e o mundo, codesenvolvidas de forma conjunta com empresas parceiras”.
Sara Rios, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo.
Sendo a praga de incidência em diversas partes do mundo e afetando culturas globalmente importantes, a solução se encaixa dentro das necessidades do agro mundial, com a vantagem de ser uma biotecnologia sustentável, o que gera um adicional de reputação às lavouras e garante maior segurança a produtores e consumidores.
Desta forma o agronegócio avança para oferecer, em escala mundial, soluções além das commodities, incrementando as receitas com exportação com a venda de produtos e serviços agropecuários de maior valor agregado.