🐟 Risco Climático: Ameaça à Piscicultura Brasileira
As Mudanças Climáticas e seus efeitos nos regimes de chuva podem causar danos irreversíveis à nossa piscicultura. Os efeitos sociais, ambientais e econômicos podem se refletir na inviabilidade da produção, piora da qualidade da água dos rios, desequilíbrio da fauna aquática, aumento dos preços e elevação do déficit da balança comercial.

O quadro de mudanças climáticas pode afetar a Pisciultura da fazenda à balança comercial.
O quadro de mudanças climáticas é um dos grandes desafios do agronegócio. Já que o clima e o regime de chuvas são ativos naturais que estabelecem a viabilidade das atividades produtivas.
No caso da piscicultura, uma mudança no clima pode trazer consequências imprevisíveis, afetando da estrutura física ao equilíbrio ambiental, com impactos profundos no âmbito social, ambiental e econômico.
O Impacto da Piscicultura na Economia Brasileira
A piscicultura tem crescido a cada ano no Brasil. Especialmente a produção de peixes de cultivo (criados em viveiro), que produziu incríveis 860mil toneladas (2022), um incremento de 48% de produção entre os anos de 2014 e 2022.
Tilápia, o Principal Peixe de Cultivo do Brasil

O Brasil se aproxima de países como China, Indonésia e Egito na produção de tilápia. A espécie, exótica no país, adaptou-se muito bem às nossas condições climáticas e tornou-se, rapidamente, em uma das preferidas pelos produtores.
Desde os cultivos mais profissionais até os chamados “poços caipiras”, a tilápia se espalhou pelo Brasil impulsionada pela facilidade de cultivo, preço dos alevinos e grande capacidade de reprodução, o que acaba se tornando um risco quando falamos sobre uma espécie capaz de dominar a fauna aquática.
Para se ter uma ideia da importância do peixe para a piscicultura brasileira, a soma dos maiores produtores de tilápia do Brasil produz cerca de 392mil toneladas de peixe, enquanto a soma dos maiores produtores de peixes nativos gera em torno de 179mil toneladas.
Impacto das Mudanças Climáticas na Piscicultura

As mudanças climáticas são temas recorrentes nos noticiários. Especialmente pelas tempestades torrenciais ou ondas de calor que interferem no dia a dia das cidades e das pessoas. Mas também são eventos que têm impacto direto na vida dos produtores rurais.
Seja pelo excesso de chuva ou falta dela, as mudanças climáticas – decorrentes de ações antropogênicas ou não – representam um grande risco ao agronegócio como um todo. Já que o clima é um ativo insubstituível na escala de produção.
Risco para os Animais
O excesso ou falta de chuvas pode afetar a qualidade da água, oxigênio dissolvido, temperatura e disponibilidade de nutrientes. Fatores que, combinados ou não, podem levar à mortandade de peixes ou redução significativa do metabolismo, o que se reflete na produção de biomassa.
Risco para a Estrutura da Propriedade
A falta de chuvas afeta o fornecimento de água aos criatórios, demandando investimento em novas fontes de captação. Por outro lado, o excesso de chuvas pode provocar o transbordamento dos reservatórios ou rompimento de barragens, provocando a perda de peixes em diversos estágios da produção, inclusive as matrizes.
Risco para o Equilíbrio Ambiental
Os efeitos do clima na estrutura física da propriedade podem inviabilizar a devolução da água na qualidade adequada ao rio, bem como o transbordamento ou rompimento dos tanques pode despejar no curso natural animais exóticos ao bioma aquático, mudando a cadeia alimentar e inviabilizando o equilíbrio da fauna.
O que mais considerar sobre o efeito das mudanças climáticas na Piscicultura
Podemos considerar que mudanças climáticas podem trazer muitos impactos na produtividade da Piscicultura, com destaque para a inviabilidade das atividades econômicas, o que obrigaria os produtores a desativarem suas propriedades.
O reflexos serão sentidos no bolso dos produtores e dos consumidores, com redução de oferta e aumento de preços, sem previsão de baixa. Levando o país à necessidade de importar o pescado, o que desfavorece a economia, numa reação em cadeia.
Impacto na Balança Comercial da Piscicultura
Segundo o Anuário Peixe BR da Piscicultura (2023) a tilápia responde por cerca de 88% das exportações do Brasil, com destaque para os Estados Unidos, que respondem por 83% do total de tilápia exportada. Ainda segundo o relatório, o volume exportado pelo Brasil sofreu uma queda de 15% de 2021 para 2022.
Analisando o gráfico de Produção x Exportação podemos perceber que o aumento da produção não acarretou maior volume exportado. No entando, quando olhamos em comparação ao gráfico comparativo Importação x Exportação x Déficit (abaixo), podemos perceber que o valor negociado em 2022 foi maior que 2021, enquanto os volumes exportados foram inversamente proporcionais.
Este fato dá a dimensão de quantas variáveis são adicionadas aos riscos de mudanças climáticas. Além disso, alerta para a variável preço nos resultados de importação x exportação. Uma quebra de produtividade, especialmente decorrente de mudanças climáticas, pode obrigar o Brasil a importar um peixe que está ganhando mercado no país.
O descompasso entre a produtividade e a cadeia de consumo e de exportação colocaria o país em uma situação muito desfavorável. Já que a menor produtividade do Brasil pode afetar preços internacionais, bem como o país (como comprador) pode não ser competitivo frente ao mercado americano (muito mais rico), e que demanda grande quantidade da proteína.
Os riscos das mudanças climáticas envolvem muito mais que clima, calor e chuvas. Considerá-los será decisivo para buscar alternativas e evitar seus indesejáveis efeitos econômicos, ambientais e sociais. De modo que não sejamos pegos de surpresa por um problema que poderia ter sido previsto.