Nova Cultivar Gera Economia de Até 50% no Custo de Manejo dos Cachos da Uva Branca no Semiárido.
A BRS 54 Lumiar tem potencial de alavancar a rentabilidade dos produtores de uva no semiárido, desenvolvendo a economia local com sustentabilidade e impacto social.
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O cultivo da uva no Brasil é uma das atividade que oferece boa rentabilidade por hectare. Colocando a fruta como uma das principais atividades para agricultura familiar.
Para termos uma ideia, na safra 2023/24, o cultivo da uva (em geral) no país gerou cerca de R$ 68.921,31 por hectare. Bem acima do rendimento do café, reconhecidamente uma commodity de maior valor agregado, que foi de R$ 22.922,10 por hectare no mesmo período (IBGE, 2024).
Considerando toda a produção brasileira, são R$ 5,31 bilhões de reais em valor de produção, tendo como maior produtor o Rio Grande do Sul com 496.242 toneladas colhidas na safra 202324. No semiárido, o destaque é o Estado de Pernambuco, que obteve um rendimento de R$ 189.310,24 por hectare (IBGE, 2024).
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Custos de Produção de Uva no Semiárido
Segundo os estudos da Embrapa, o trabalho de manejo dos cachos representa cerca de 40% do custo total de mão de obra na região do semiárido. Ocorre que, de forma a garantir a qualidade e produtividade das parreiras, o manejo conhecido como raleio é bastante utilizado.
Essa técnica consiste na retirada de uvas do cacho para descompactá-los, permitindo que as uvas recebam mais nutrientes e crescam de maneira uniforme, pela subtração da conorrência, produzindo cachos mais valorosos.
Neste contexto, pesquisadores desenvolveram uma nova cultivar de uva branca que ataca esse gargalo do manejo, bem como oferece outras vantagens.
BRS 54 Lumiar
A inovação faz parte do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, da Embrapa Uva e Vinho. A BRS 54 Lumiar chega para alavancar a rentabilidade dos produtores de uvas no Semiárido e ampliar o portfolio de cultivares de uvas de mesa disponíveis ao mercado.
O principal apelo da Lumiar é a redução de custos, especialmente com royalties e na demanda por mão de obra. No primeiro caso, a cultivar nacional (desenvolvida pela Embrapa) vai demandar apenas o custo de aquisição das mudas. No segundo caso, a menor necessidade de raleio da BRS 54 Lumiar pode reduzir em até 50% o custo com mão de obra.
Entre as principais características da BRS 54 Lumiar, destacam-se:
- Redução de custos: Ela é capaz de diminuir em até 50% os gastos com mão de obra no manejo dos cachos, que representam cerca de 40% do custo total de mão de obra na região.
- Qualidades sensoriais: Apresenta bagas grandes e elípticas, textura crocante e macia, alto teor de açúcares, ausência de adstringência na película e acidez equilibrada.
- Produtividade: É uma cultivar altamente produtiva, rendendo de 20 a 22 toneladas por hectare por safra (cerca de 50 toneladas por hectare/ano).
- Sem royalties: Por ser uma variedade nacional desenvolvida pela Embrapa, os produtores pagam apenas pelas mudas, não havendo cobrança de royalties sobre a comercialização da uva, como ocorre com as cultivares estrangeiras.
- Adaptação: Foi validada e recomendada para o cultivo no Semiárido brasileiro, especialmente no Vale do Submédio São Francisco.
“A BRS 54 Lumiar atende e pode ser adotada por todos os produtores, desde os familiares, assentados até os grandes. A redução da mão de obra no manejo dos cachos vai impactar a redução do custo de produção e, consequentemente, aumentar o lucro do produtor com grandes possibilidades de baratear o preço desse alimento”.
Adeliano Cargnin, chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho (RS).
Mudas de BRS 54 Lumiar
A nova cultivar já está disponível no mercado e pode ser adquirida exclusivamente em viveiros licenciados pela Embrapa, cuja listagem pode ser consultada aqui.
Esse trabalho foi custeado pelo projeto Desenvolvimento de novas cultivares para a competitividade e sustentabilidade da vitivinicultura brasileira, desenvolvido em parceria entre a Embrapa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As avaliações de compostos funcionais foram realizadas no âmbito do contrato de cooperação técnica entre o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Embrapa Uva e Vinho.
Sustentabilidade e Impacto Social
O aumento na rentabilidade e na produtividade, além da ampliação do portfolio de uvas de mesa, torna a atividade mais competitiva e atrativa economicamente, o que pode gerar mais investimento e encorajar novos produtores a aderirem às atividades produtivas.
Como a uva tem grande rendimento econômico por hectare, o aumento da rentabilidade ajuda a tracionar as economias locais e escalar a produção, aumentando o número de vagas de emprego e adicionando melhores condições de trabalho no semiárido, especialmente no Vale do São Francisco, mercado-alvo da BRS 54 Lumiar.
Além disso, a promessa de valor se relfet na qualidade entregue ao consumidor, pois ele recebe um produto de maior qualidade, com menor custo (econômico, ambiental e social), produzido por pequenos, médios ou grandes produtores, dentro de uma cadeia produtiva altamente sustentável.
Considerações Finais
A pesquisa agropecuária brasileira avança em diversos setores como agricultura, pecuária, piscicultura etc, entregando valor em ferramentas, técnicas de manejo, dados e tecnologia.
O resultado dessas inovações sai das fazendas e chega aos consumidores em forma de produtos rastreáveis, sustentáveis e de alta qualidade. Fazendo da cadeia produtiva do agro uma das grandes vitrines do desenvolvimento sustentável brasileiro.
A BRS 54 Lumiar é um dos exemplos de como o setor inova e evolui constantemente, preenchendo lacunas e solucionando gargalos para ter colheitas mais abundantes e rentáveis, sem deixar de integrar a sustentabilidade ao processo produtivo.
REFERÊNCIAS: Nova cultivar de uva branca sem sementes reduz em 50% o custo de mão de obra do cultivo no Semiárido.