Produção de Gelatina pode Alavancar a Piscicultura no Brasil

Uma nova forma de produzir gelatina pode trazer impactos na cadeia produtiva da piscicultura brasileira, na indústria alimentícia e farmacêutica.

Gelatina com pele de tambaqui. Imagem: Istockphoto.com

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A gelatina que conhecemos é produzida a partir do couro bovino e suíno. Essas importantes cadeias produtivas pecuárias também alimentam diversas cadeias produtivas com suprimentos e matérias-primas essenciais.

O escoamento dos mais variados produtos, além da proteína animal, ajuda a reduzir custos. Desta forma, aquilo que seria descartado passa a valer dinheiro, entrando no ecossistema de economia circular da atividade pecuária.

Economia Circular da Piscicultura

Na criação de peixes de cultivo destaca-se a tilápia, com 64% do volume total do setor. Além das características reprodutivas, manejo e sabor, a tilápia também alimenta forte cadeia de suprimentos, o que ajuda a manter a competitividade da proteína frente à pecuária.

Com fornecimento de insumos para importantes áreas da medicina e medicina veterinária, entre outras, a tilápia consegue rentabilizar o que seria descartado. Ao contrário do tambaqui, segundo peixe de cultivo mais produzido no Brasil.

No entanto, pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste encontraram uma forma de recircular subprodutos do tambaqui. Cujos descartes seguem para a produção de ração de peixe, de baixo valor agregado e pouca rentabilidade.

Gelatina com Pele de Tambaqui

A novidade é a produção de gelatina com pele de tambaqui, ampliando a oferta de matéria-prima buscada nas cadeias pecuárias. Além disso, a inovação impacta diretamente nos custos da produção de peixes, que descarta até 50% das matérias-primas, incluindo cabeças, carcaças, pele e escamas.

O especialista Manuel Antônio Jacintho, da Embrapa Pecuária Sudeste, reforça que “A conversão dos resíduos em produtos de valor torna a cadeia mais sustentável”. Além disso, ele chama a atenção para a diversidade de espécies nativas, que demonstra o potencial de inovação à base de resíduos da cadeia pesqueira.

Características da Gelatina de pele de Tambaqui

Para o desenvolvimento da gelatina de pele de tambaqui, a pesquisa considerou os diversos fatores que influenciam na composição da pele do peixe, como espécie, idade, sexo e tipo de alimento. De modo que fosse possível extrair um produto capaz de concorrer com gelatinas bovinas e suínas.

Outras características como teor de proteína (que afeta o rendimento da extração da gelatina e na composição de aminoácidos) e altos teores de gordura (que dificultam a obtenção de um produto inodoro e translúcido, importante na percepção dos consumidores), foram considerados.

“A composição de aminoácidos é mais rica do que a de peixes de água fria. A força de gel (consistência) pode ser comparada a de bovinos e suínos”, explica Fernanda Ramalho Procópio, bolsista CNPq de pós-doutorado na época do estudo.

Tambaqui Preenche os Requisitos

A pele do tambaqui apresentou vantagens essenciais como maior teor de proteína (27,10 ± 0,02) e menor teor de gordura (1,17 ± 0,08), em relação a outras espécies potenciais. Além de rendimento de extração da gelatina da pele de quase 60%.

Entre as principais aplicações da gelatina estão:

  • produzir filmes
  • microcápsulas para remédios
  • espessantes de alimentos

Com base nas características desejáveis para a produção da gelatina, o tambaqui também oferece um fator essencial: escala de produção. É o peixe nativo mais produzido no Brasil, e o segundo peixe de cultivo em volume de produção do país.

À medida que a gelatina de pele de tambaqui avança no mercado, a escala de produção do peixe aumenta, pois a cadeia produtiva como um todo torna-se mais atrativa a investimentos. Impactando o bolso do consumidor tanto com a proteína animal mais competitiva, quanto com os produtos que utilizam a gelatina como insumo.

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