Qual o Impacto das Exportações na Geração de Empregos do Agro? Cada US$ 1 bi exportado garante 5.997 vagas.

Uma das dúvidas mais comuns sobre o agronegócio é a geração de empregos. É verdade que as atividades agropecuárias ocupam grandes áreas e a quantidade de vagas diretas pode parecer pequena, se comparada a uma indústria, por exemplo. No entanto, o agro é um grande empregador, e o segredo está na sua cadeia de valor. No Brasil, o setor agropecuário criou 25.833 vagas apenas em junho de 2025, representando 15,5% do total de empregos no país naquele período.

Essa cadeia de valor abre um leque de atividades que vão da produção à exportação, com processamento, transportes, expedição, traders e outras agregadas, que robustecem a geração de empregos e revelam, entre outros fatores, a importância das exportações na geração de empregos no agronegócio.

Estudo americano revela impacto das exportações agrícolas na geração de empregos.

Segundo estudo da USDA, nos Estados Unidos cerca de 1,05 milhão de pessoas trabalhavam em produção, processamento, marketing…transporte, no ano de 2023, graças às exportações agropecuárias.

A pesquisa também revelou que, em média, cada US$ 1 bilhão de produtos agrícolas exportados dos EUA sustentou 5.997 empregos de tempo integral no período. Sendo que as 10 principais cadeias produtivas foram responsáveis por 503.099 empregos, cerca de 48% do total.

Cadeias importantes, como o milho e soja, juntas, sustentaram 212.516 empregos em 2023. Enquanto carne bovina, frango e suína garantiram 157.435 empregos. Farelo de soja e trigo também estão entre as campeãs de geração de emprego com as exportações agrícolas. Veja o perfil de algumas delas:

Soja

• Empregos gerados: 136.012
• Share: 27% da mão de obra empregada
• Valor das exportações: US$ 24,47 bilhões
• Cada US$ 1 bi exportado sustentou 5.558 empregos.

Milho

• Empregos gerados: 76.504
• Share: 15% da mão de obra empregada
• Valor das exportações: US$ 13,7 bilhões
• Cada US$ 1 bi exportado sustentou 5.584 empregos

Trigo

• Empregos gerados: 38.790
• Share: 8% da mão de obra empregada
• Valor das exportações: US$ 5,83 bilhões
• Cada US$ 1 bi exportado sustentou 6.654 empregos.

Farelo de Soja

• Empregos gerados: 28.776
• Share: 6% da mão de obra empregada
• Valor das exportações: US$ 6,35 bilhões
• Cada US$ 1 bi exportado sustentou 4.532 empregos.

Dados: USDA Economic Research Service, 2023. Mão de obra empregada em relação às vagas abertas pela exportação de produtos agícolas.

Considerações Finais

Embora o estudo esteja focado nos Estados Unidos, ele serve de base para termos ideia do que o agronegócio pode representar dentro da economia de um país como o Brasil, onde o excedente de produção é enorme, o que permite o escoamento de boa parte da produção para mercados externos.

A exemplos dos americanos, que estão implantando novas estruturas para beneficiamento de soja para exportação de biocombustíveis, o agro brasileiro precisa ser encarado como um setor estratégico a partir das exportações, mas como uma visão mais ampla sobre a necessidade de exportar produtos com uma ou duas camadas de valor adicionado.

Se encararmos o potencial do setor para além da balança comercial, veremos que existe uma enorme oportunidade dentro das exportações, que podem gerar mais empregos, renda e superávit.

Vejamos o exemplo da soja, que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial. Além da commodity temos os derivados (farelo de soja, óleo de soja e biodiesel) que rendem, individualmente, mais ou menos nas exportações, de acordo com a profundidade de serviços e produtos adicionados que demandam.

O avanço de beneficiamento, além de um adicional de valor aos produtos e rendimento financeiro maior para cada tonelada exportada, abre caminho para o crescimento da agroindústria de transformação e toda a cadeia de serviços e produtos acessórios. Que são, sem dúvida, grandes geradores de emprego e renda.

Referências: Ten commodities accounted for 48 percent of the jobs supported by U.S. agricultural exports in 2023.