Aumentar a produtividade do leite por vaca é mais rentável que venda de novilhas, aponta estudo.

Propriedades leiteiras com baixa produtividade podem obter receitas e margens melhores com leite, em relação à venda de novilhas, com gestão eficiente dos recursos.

Maior produtividade por animal, na pecuária leiteira, melhora a sustentabilidade e resiliência da cadeia produtiva.
Maior produtividade por animal, na pecuária leiteira, melhora a sustentabilidade e resiliência da cadeia produtiva.

Um estudo, realizado no âmbito do Projeto Campo Futuro, avaliou o impacto da retenção de fêmeas excedentes na recria sobre o resultado financeiro (receita e margem bruta) de propriedades leiteiras.

Os resultados demonstraram que propriedades com maiores produtividades por animal oferecem receita e margens melhores no leite, em contraponto às fazendas com baixa produtividade, onde a venda de novilhas é mais rentável.

A colaboração entre o Sistema CNA/SENAR e o Cepea Esalq/USP analisou propriedades em localidades diferentes, em três escalas de produtividade e sistema de manejo semi-confinado. Veja o perfil das propriedades:

  • Guaratinguetá (SP): Baixa Produtividade (10 litros/vaca/dia).
  • São Miguel do Oeste (SC): Média Produtividade (14 litros/vaca/dia).
  • Uberlândia (MG): Alta Produtividade (18 litros/vaca/dia).

Comparando receitas e margens brutas

O experimento comparou o desempenho das propriedades com relação à receita gerada pela produção de leite – considerando o máximo de vacas em lactação que a produção forrageira da fazenda era capaz de suportar – e a receita obtida com as fêmeas sobressalentes (vendidas aos 30 meses de idade).

Para calcular as margens brutas do sistema produtivo, foram considerados itens como: nutrição (pastagem, silagem, ração, etc.), sanidade e mão de obra. Por fim, para descrever os resultados foram utilizados os cenários com taxa máxima de retenção (100%).

Tabela de resultados do experimento para Receita
Propriedade/ProdutividadeResultado na ReceitaDiferença (%) em favor do LeiteConsiderações
Guaratinguetá (SP)
10 L/vaca/dia
Receita com venda de Leite INFERIOR à venda de novilhas.-21.9%
(Receita de Novilhas > Receita de Leite)
Venda de novilhas é uma estratégia mais interessante.
São Miguel do Oeste (SC)
14 L/vaca/dia
Receita com Venda de Leite SUPERIOR à venda de novilhas.+8.7%Priorizar vacas em lactação resulta em maior receita.
Uberlândia (MG)
18 L/vaca/dia
Receita com Venda de Leite MUITO SUPERIOR à venda de novilhas.+17.3%Maior retorno financeiro via produção de leite.
Dados: Sistema CNA/Senar, 2025.
Tabela de resultados do experimento para Margem Bruta
Propriedade/ProdutividadeResultado na Margem Bruta (MB)Diferença (%) em favor do LeiteConsiderações
Guaratinguetá (SP)
10 L/vaca/dia
MB com Venda de Leite INFERIOR à venda de novilhas.-64.5%
(MB de Novilhas > MB de Leite)
Venda de novilhas gera margem superior no cenário de baixa produtividade.
São Miguel do Oeste (SC)
14 L/vaca/dia
MB com Venda de Leite SUPERIOR à venda de novilhas.+92.2%O produtor abre mão de margem superior ao vender fêmeas.
Uberlândia (MG)
18 L/vaca/dia
MB com Venda de Leite MUITO SUPERIOR à venda de novilhas.+206.9%Maior impacto negativo na rentabilidade ao reter fêmeas excedentes.
Dados: Sistema CNA/Senar, 2025.

Considerações finais

A principal conclusão do estudo foi que o aumento na produtividade por animal pode melhorar o modelo de negócio das propriedades leiteiras. Com a simulação de um incremento de 3 litros de leite/vaca/dia na propriedade de Guaratinguetá a produtividade subiria para 13 litros/vaca/dia.

Com esse aumento de 30%, aproveitando toda a produção forrageira para suportar o rebanho em lactação, a produção de leite se tornaria mais vantajosa para o produtor, que trabalharia com uma margem mais favorável, levando a propriedade paulista ao patamar da fazenda catarinense, citadas no estudo.

Nesse contexto, a escolha dos indicadores de performance como margens da pecuária leiteira e uso racional dos recursos da propriedade são imprescindíveis para preencher as lacunas de rendimento e viabilizar a propriedade leiteira no longo prazo. Garantindo a sustentabilidade das pequenas produções.

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