Produtores vulneráveis à queda de preço acabam comprometendo o Fluxo de Caixa e sua lucratividade.

Não é novidade que a pecuária tem se tornado um dos setores de maior impacto na economia. Seja pelo valor agregado do produto, ou as motivações que envolvem o consumo da proteína bovina – desde saúde até a diversão – seja pelas questões ambientais que envolvem a atividade.

O fato é que a pecuária de corte é uma das nobres artes do homem. Uma cadeia produtiva complexa que contribui com a balança comercial, mercado interno e também alimenta de insumos diversos setores como a indústria de calçados, tecidos etc, por exemplo.

Um conjunto de fatores determina a atratividade da pecuária aos produtores.

Para se manter produtiva e lucrativa, a atividade demanda alguns cuidados especiais que envolvem a relação entre os preços aos consumidores e os custos aos produtores. Embora seja óbvio, é preciso considerar que o grau de risco influencia no nível de lucratividade. Consequentemente, a atratividade da pecuária de corte diminui.

Um dos grandes desafios da pecuária, especialmente o setor de corte, é trabalhar com tantas variáveis, em seu longo ciclo produtivo. Veja alguns fatores que ajudam a pressionar o preço para baixo:

1. Preços das commodities agrícolas, que fazem parte da cadeia produtiva da proteína bovina;
2. Cotação do dólar;
3. Grande oferta de Carne ao abate;
4. Preço do leite pouco atrativo, que influencia no aumento de oferta de corte;
5. Custos dos insumos agrícolas.

Além das cotações do dólar, oferta, demanda e renda também influenciam na queda de preços. Embora essas variáveis sejam movimentos naturais de mercado e façam parte do conhecido risco de negócio, não significa que sejam facilmente contornáveis.

Pois a queda dos custos de produção não é capaz de aliviar os bolsos dos pecuaristas, em relação à produção da carne que chega ao mercado neste momento. Afinal de contas, essa proteína vem acumulando custos desde dois anos atrás, quando começou a ser produzida.

Queda nos preços do leite afetam a pecuária de corte

Um fator importante, que muitas pessoas desconhecem, é a simbiose entre a pecuária de leite e corte. Alguns produtores de leite utilizam as matrizes para geração de um novo rebanho de corte, com melhoramento genético e geração de matrizes. Ou o contrário, os produtores de corte produzem leite, mas com vistas à produção de bezerros.

Neste caso a verticalização da produção da proteína pode ajudar a mitigar custos de produção. No entanto, alguns produtores estão dedicados à produção apenas da pecuária leiteira. Desta forma, quando há queda substancial no preço do leite, o capital investido não traz retorno. Pois o produto já não oferece lucratividade atrativa. O que leva os produtores a enviam suas matrizes leiteiras ao abate.

Esse fato gera um aumento na oferta de proteína bovina. Para dar vazão à oferta, inesperada de certa forma, os preços acabam sendo empurrados para baixo. Como consequência, temos uma pressão pela queda dos preços também do gado produzido exclusivamente para corte.

Pecuaristas Vulneráveis à Queda de Preços

Os pecuaristas não estão vulneráveis à queda de preços apenas da arroba. Eles também estão expostos às variações negativas dos custos de insumos no mercado internacional, o que pode abrir oportunidades para concorrentes internacionais, com algum nível de proteção de custos produtivos.

Algumas commodities possuem política agrícola que garante preço mínimo. No caso da pecuária, não há esta modalidade. Além disso, o ciclo longo aumenta a vulnerabilidade dos produtores. O que demonstra a necessidade de um mecanismo que possa garantir cobertura saudável dos custos de produção, altamente variáveis nesta cadeia produtiva.

Um plano robusto de gestão dos riscos da pecuária é fundamental, sobretudo para garantir a sustentabilidade e lucratividade da cadeia.

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Referências

AgroBand