PIB agro dispara, mas sazonalidade do emprego preocupa
Safra recorde impulsiona crescimento de 11,6% no PIB do agro, mas outubro registrou queda de 9,9 mil vagas formais.

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio alcançou um crescimento expressivo de 11,6% no acumulado dos três primeiros trimestres de 2025, comparado ao mesmo período do ano anterior, conforme o Comunicado Técnico: PIB Brasil | 3º trimestre de 2025, do Sistema CNA/Senar.
Esse resultado foi crucial para o desempenho da economia brasileira, que registrou uma alta total de 2,4%. O agronegócio, impulsionado por uma safra recorde de grãos e condições climáticas favoráveis, agiu como um verdadeiro motor do crescimento nacional.
A Importância e a Fragilidade Setorial
A diferença que o agro fez na economia é inegável. Sem o resultado robusto da agropecuária, o PIB total do país teria avançado apenas 1,6%, em vez dos 2,4% observados. No entanto, essa alta esconde uma fragilidade: a forte dependência das condições climáticas.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que essa dependência expõe o produtor a um risco enorme, ameaçando a estabilidade dos resultados futuros.
- A falta de um clima adequado pode comprometer toda a safra e, consequentemente, o resultado do PIB.
- Essa situação reforça a urgência de fortalecer o Seguro Rural no país.
- Para 2025, a estimativa é que a cobertura securitária atinja cerca de 3 milhões de hectares, representando menos de 5% da área agricultável total.
A CNA defende que o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) necessita de um aporte orçamentário maior e, principalmente, de maior previsibilidade. A sustentabilidade, nesse contexto, vai além da preservação ambiental, englobando a segurança econômica e a longevidade da produção.
Dinâmica do Mercado de Trabalho
O bom desempenho do PIB contrasta com a sazonalidade do emprego. Em outubro de 2025, o agronegócio registrou um saldo negativo de 9.917 postos de trabalho formal, segundo o Comunicado Técnico Caged de Dezembro de 2025. Esse número, contudo, reflete um ciclo natural do campo.
- A perda de vagas é um movimento típico de outubro na agropecuária.
- O resultado de -9.917 ficou abaixo da média histórica negativa para o mês, que é de -13.456.
Essa dinâmica demonstra que a gestão da mão de obra está intrinsecamente ligada ao calendário agrícola.
Onde o Emprego Cresce e Diminui
Regionalmente, a geração de vagas foi desigual. As regiões Sul e Nordeste foram as únicas que apresentaram saldo positivo no setor.
- Regiões com saldo positivo no Agro: Sul (2.489 vagas) e Nordeste (569 vagas).
- Maiores perdas regionais: Sudeste (-11.465 vagas).
- Destaque positivo por UF: Rio Grande do Sul (1.582 postos de trabalho).
- Maiores perdas por UF: Minas Gerais (-5.693) e São Paulo (-4.394).
Essa variação mostra que diferentes culturas e tecnologias empregadas em cada região resultam em padrões distintos de contratação ao longo do ano.
As Atividades em Foco
A análise por atividade é crucial para entender o panorama. As perdas se concentraram em culturas de ciclo final ou de entressafra, como o cultivo de alho (-2.232 vagas), cana-de-açúcar (-1.938) e café (-1.902).
Por outro lado, as atividades que mais criaram vagas estão ligadas ao suporte e à produção de commodities importantes. Isso indica a contínua demanda por mão de obra em áreas de maior tecnificação.
Destaques na criação de vagas:
- Atividades de apoio à agricultura (1.583 vagas).
- Cultivo de Milho (1.171 vagas).
- Cultivo de Maçã (929 vagas).
- Cultivo de Soja (631 vagas).
O crescimento do emprego em serviços de apoio é um sinal claro de que a inovação é o caminho para incorporar a sustentabilidade. A CNA acompanha esses dados e o desempenho do emprego está sempre ligado à sazonalidade, como observa o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon.
“Ressalte-se que a Agropecuária tipicamente registra saldos negativos de contratações no mês de outubro”.
Renato Conchon, Coordenador do Núcleo Econômico da CNA.
O Caminho da Inovação e Sustentabilidade
O Brasil precisa garantir que o forte desempenho do PIB agropecuário seja sustentável não só do ponto de vista ambiental, mas também do econômico e social. Isso significa investir em políticas que mitiguem o risco climático e incentivem a tecnificação da produção e da gestão da mão de obra.
As altas taxas de crescimento do PIB, amparadas por safras recordes, não podem esconder a fragilidade estrutural da proteção ao risco. Fortalecer o PSR e buscar uma gestão de mão de obra mais eficiente são aplicações práticas da inovação que estabilizam a renda do produtor e a economia do país, garantindo um agro próspero e resiliente.
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