Planejamento reprodutivo eleva faturamento e eficiência na pecuária de corte

A eficiência reprodutiva pode ser uma trava ao crescimento da pecuária de corte nacional. Para mudar esse cenário, o produtor precisa de controle sobre o rebanho, buscando converter manejo em rentabilidade direta no campo.

Uma das formas mais acessíveis de começar é a estação de monta, que limita a exposição das vacas aos touros em épocas estratégicas. Isso organiza o calendário da fazenda e facilita o descarte de fêmeas que não produzem.

Ao concentrar os nascimentos, o pecuarista consegue formar lotes de bezerros muito mais uniformes. De fato, o ideal é que esse período coincida com a fartura de pasto, garantindo que a matriz tenha suporte nutricional para parir bem.

Benefícios no Curral

• Uniformidade: Lotes padronizados são mais valorizados pelo mercado na hora da venda.
• Ajuste Climático: A estação de monta evita que o desenvolvimento dos bezerros ocorra majoritariamente na seca.
• Peso Extra: Bezerros concebidos no início das águas tendem a ser desmamados com maior peso.

Impacto Produtivo e Tecnológico

Propriedades que não planejam a reprodução entregam índices produtivos inferiores. Em sistemas sem estação definida, cerca de 33% das prenhezes ocorrem na seca, prejudicando o desenvolvimento do animal até a desmama.

Quando a estação de monta é adotada apenas com o uso de touros, o peso dos machos aos sete meses já sobe 7 kg. É um ganho real que vem apenas do ajuste de manejo e do melhor aproveitamento das janelas climáticas.

A utilização da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) eleva o jogo para outro patamar. O intervalo entre partos, por exemplo, pode ser reduzido em até quatro meses, aproximando a fazenda da meta de um bezerro por vaca ao ano.

Evolução nos Números

• Taxa de Prenhez: Sobe de 69% (sem estação de monta) para até 85% com o uso de IATF.
• Natalidade: O índice salta de 65% para 79% quando se aplica a tecnologia reprodutiva.
• Eficiência de Desmame: Aumenta de 62% para 77% nos sistemas mais tecnificados.

Impacto Financeiro e Perspectivas

Simulações em fazendas com mil matrizes mostram que a simples adoção da estação de monta aumenta a receita em 7,6%. Esse ganho ocorre sem grandes investimentos, focando essencialmente na organização do ciclo produtivo.

No entanto, o salto financeiro é expressivo quando o ganho genético entra na conta via IATF. O faturamento pode crescer até 29% em comparação aos sistemas que deixam o gado solto com o touro o ano todo.

Claro que o sucesso dessa tecnologia exige planejamento nutricional rigoroso. O manejo controlado é, hoje, o caminho mais curto para aumentar a competitividade e garantir a continuidade do negócio pecuário no Brasil.