Como é calculado o preço do carbono na agropecuária e qual o impacto nas atividades produtivas?

Entenda como o preço do carbono é calculado na agropecuária e seu impacto na rentabilidade, sustentabilidade e créditos de carbono no Brasil.

Como é Calculado o Preço do Carbono na Agropecuária? Imagem: Istockphoto.com
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Compreender o cálculo do preço do carbono e qual o impacto da precificação na transição para modelos econômicos mais sustentáveis é crucial para empresas e produtores. Já que esse valor é a base sobre a qual planejarão investimentos e estratégias de crescimento.

Além disso, é sobre a mesma plataforma que o poder público vai formular suas políticas para equilibrar redução de emissões e equilíbrio econômico, mantendo as atividades atrativas e rentáveis enquanto as cadeias produtivas tornam-se mais sustentáveis.

Estudo da Embrapa Exemplifica a Metodologia

Um estudo da Embrapa Territorial abrangeu 32 pesquisas (publicadas entre 2004 e 2024), referentes à precificação do carbono. A revisão científica contou com a colaboração de países como China, Austrália e Reino Unido.

Os valores calculados variaram entre US$ 2,60 e US$ 157,50 por tonelada de CO₂ equivalente, dependendo do país e do método utilizado. O que demonstra a necessidade de compreender a forma correta de calcular, para maior acurácia da estimativa e, consequentemente, qualidade das decisões tomadas com base nos dados.

Para a agricultura brasileira, a estimativa foi calculada com base em fatores globais adaptados ao contexto nacional, resultando no valor de US$ 11,54/tCO₂e (carbono equivalente). Em termos de comparação, o preço do carbono para a citricultura brasileira foi estimado em US$ 7,72/tCO₂e, em estudo anterior da mesma equipe.

Os dados da pesquisa foram publicados no artigo “Emissões de carbono na agricultura brasileira são estimadas em 11,54 dólares por tonelada” no site da Embrapa.

Importância da Precificação do Carbono

O carbono é usado como unidade de medida para comparar e valorar todos os gases de efeito estufa (GEE), convertidos em toneladas de CO₂ equivalente (tCO₂e). Precificá-lo permite calcular quanto custa reduzir ou remover uma tonelada de CO₂ da atmosfera, considerando impactos sociais, econômicos e ambientais.

Além de tornar-se referência para iniciativas de incentivo à sustentabilidade no agronegócio, os preços oferecem a empresas e produtores uma base para negociar créditos de carbono e planejar investimentos em tecnologias sustentáveis, estimuladas, por sua vez, por uma crescente demanda por inovação em eficiência de produção e preservação.

Como é Calculado o Preço do Carbono?

A precificação do carbono na agropecuária considera múltiplos fatores interligados. Aqui estão os principais:

1. Produto Interno Bruto (PIB)
  • Economias maiores tendem a ter preços mais baixos.
  • PIB afeta diretamente o valor atribuído ao carbono.
2. Nível de Emissões de CO₂
  • Quanto maior a emissão, maior o impacto ambiental.
  • Em mercados voluntários, aumento nas emissões nem sempre eleva o preço.
3. Participação da Agricultura na Economia
  • Países com forte dependência do setor agrícola podem ter políticas específicas que influenciam o preço.
4. Uso de Fertilizantes Nitrogenados
  • Fertilizantes geram óxido nitroso (N₂O), um GEE potente.
  • Redução no uso pode diminuir emissões e afetar o valor do carbono.
5. Tecnologia e Práticas Sustentáveis
  • Adoção de tecnologias pode aumentar emissões inicialmente, mas compensar com maior sequestro de carbono.
  • Sistemas integrados e manejo sustentável influenciam positivamente o balanço de carbono.
6. Método de Precificação
  • Custo marginal de abatimento: quanto custa evitar uma tonelada de CO₂.
  • Preço sombra: valor implícito do carbono em decisões econômicas.
  • Modelos de avaliação integrada: combinam impactos ambientais, sociais e econômicos.

Considerações Finais

A iniciativa da Embrapa Territorial, em parceria com a Revista de Economia e Sociologia Rural, da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober), contribui significativamente para ampliar o entendimento sobre o papel do agronegócio na transição energética e na economia de baixo carbono.

Embora a agricultura brasileira tenha grande relevância econômica, o modelo de precificação mostra que países com PIB mais elevado tendem a apresentar preços de carbono mais baixos, devido à maior capacidade de mitigação e eficiência tecnológica. No caso do Brasil, o valor estimado de US$ 11,54/tCO₂e reflete um equilíbrio entre potencial produtivo e desafios estruturais.

Quanto maior o preço calculado do carbono equivalente, mais valiosa se torna a redução das emissões. O que eleva o valor dos créditos de carbono no mercado voluntário. Isso transforma práticas sustentáveis em ativos de alto valor agregado, gerados a partir da adequação dos processos produtivos.

Essa dinâmica representa o ponto de convergência entre sustentabilidade e rentabilidade. Ao reduzir emissões, o produtor não apenas contribui para o meio ambiente, mas também potencializa o retorno sobre o capital imobilizado (terra) por meio de receitas adicionais com créditos de carbono.

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