Déficit de energia elétrica compromete a sustentabilidade do agro no Brasil.
A demanda necessária para explorar o potencial produtivo total dos principais polos de agricultura irrigada no Brasil pode chegar a 50 Gigawatts, em 2040.

O relatório Demanda Eletroenergética na Agricultura Irrigada Brasileira, que quantificou as necessidades eletroenergéticas atuais e fez projeções futuras, estima que operacionalização e a expansão sustentável da agricultura irrigada no Brasil podem demandar até 50GW de energia equivalente, no ano de 2040.
O estudo, fruto da colaboração entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Núcleo Estratégico Interdisciplinar em Resiliência Urbana (NEIRU) da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) e a Fundação de Pesquisa e Assessoramento a Indústria (FUPAI), utilizou duas métricas para fazer o diagnóstico:
- Demanda Eletroenergética (carga elétrica real associada aos sistemas de irrigação)
- Demanda Equivalente Eletroenergética (o potencial de demanda se toda a área irrigada utilizasse energia elétrica)
Para entendermos o potencial a ser explorado, vejamos os dados da Demanda Eletroenergética do principal polo de agricultura irrigada, calculado em 989 MW e a Demanda Equivalente Eletroenergética, em torno de 3.535 MW, para o ano de 2022. Neste caso, o uso efetivo de energia elétrica foi de quase 1 gigawatt, no entanto, se todo o potencial de irrigação (mais produtividade) estivesse sendo utilizado, seriam necessários 3,5 gigawatts.
Com base nesses dados, identificamos que a área irrigada utiliza apenas 28% da demanda eletroenergética útil para a região. Ou seja, existe um potencial de agricultura irrigada a ser explorado com alimentação dos mais diversos sistemas como:
- Pivôs centrais
- Inundação
- Irrigação localizada
- Fertirrigação
Com a oferta plena de energia todos os equipamentos de suporte como bombeamento, distribuição, monitoramento e tecnologias de precisão poderiam ser acoplados aos sistemas produtivos irrigados, promovendo uma redução drástica no uso de geradores a diesel, aumentando a produtividade e reduzindo as emissões.
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A importância da agricultura irrigada
Uma pesquisa da Embrapa Cerrados estima que no Brasil há 55 milhões de hectares com potencial para serem irrigados, mas apenas 9 milhões de hectares contam a irrigação. Enquanto isso, as projeções sobre a necessidade de aumentar a produção de alimentos até 2050 sugerem que 50% desse aumento deverá ocorrer no Brasil, sendo metade disso no Cerrado.
Nesse contexto, a relação entre o potencial inexplorado de irrigação e a oferta de energia necessária dão a dimensão do desafio para que o Brasil produza a pleno sem a abertura de novas áreas, apenas aumentando a produtividade com agricultura irrigada.
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Demanda de crescimento da produção de energia
Conforme os dados do relatório de demanda eletroenergética, as regiões mais críticas são o Oeste da Bahia (BA), Centro Sul do MS (MS), Norte Capixaba (ES), Sudoeste Paulista (SP) e Bacia do Rio Santa Maria (RS), que apresentaram os maiores déficits entre a demanda atual e a demanda equivalente.
Potencial explorado de agricultura irrigada, de acordo com a energia efetiva utilizada:
- Oeste da Bahia (BA): 3%
- Centro Sul do MS (MS): 9%
- Norte Capixaba (ES): 32%
- Sudoeste Paulista (SP): 23%
- Bacia do Rio Santa Maria (RS): 10%
Dados: CNA/Senar, 2025. Calculando a porcentagem do uso da Demanda Eletroenergética em relação à Demanda Eletroenergética Equivalente.
Esses dados indicam o quanto as áreas são subutilizadas, considerando a alavanca que a irrigação leva para a agricultura, seja do ponto de vista de produtividade ou da sustentabilidade. Esta última, ainda pode reduzir a sazonalidade, otimizar a utilização dos recursos hídricos, levar prosperidade às regiões mais áridas (impacto social) e auxiliar no combate a incêndios.
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