Embalagem que Avisa sobre Peixe Estragado é Exemplo de Risco que Virou Oportunidade.

O leque de inovações nas cadeias produtivas do agronegócio brasileiro não para de crescer. As soluções são apresentadas e preenchem pontos fundamentais dos processos, dentro e fora da porteira.

Tudo isso com o intuito de produzir alimentos da mais alta qualidade com toda a segurança para consumo. O que demonstra o compromisso do setor com as melhores práticas sustentáveis.

Embalagem Informa Quando Peixe Estragou

A inovação mais recente é fruto de uma parceria entre a Embrapa Instrumentação (SP), a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade de Illinois, em Chicago (UIC), nos Estados Unidos.

Trata-se de uma embalagem formada por mantas de nanofibras que envolvem o pescado. As tiras contêm pigmentos naturais (antocianinas), extraídos principalmente de repolho roxo, que reagem quimicamente aos compostos liberados durante a deterioração do alimento.

A composição da “embalagem” é obtida a partir da técnica de fiação por sopro em solução (SBS), utilizando pigmentos vegetais naturais para produzir essas nanofibras. O processo, além da base orgânica natural, é rápido e de baixa demanda energética.

À medida que as reações ocorrem, a embalagem muda de cor. Por exemplo, de roxo (alimento bom) para tons de azul-acinzentado (alimento em deterioração). Desta forma é possivel monitorar o frescor em tempo real, sem a necessidade de abrir a embalagem.

A pesquisa ainda contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do INCT Circularidade em Materiais Poliméricos.

Risco que Virou Oportunidade

A inovação responde a perguntas de negócio que vão desde o descarte de alimentos de forma precipitada ao consumo de energia pelo processamento do pescado, até chegar à segurança para o consumidor.

O alerta visual diretamente na embalagem é mais assertivo que outros estímulos sensoriais como o cheiro ou a análise de olhos, guelras, escamas etc. Pois não exigem abertura da embalagem e avisam em tempo real as condições do alimento, evitando o consumo e comércio de produtos estragados.

Fato que ajuda a reduzir o descarte desnecessário de alimentos e evita o não descarte de alimentos mal avaliados. O que deixa de expor ao risco a saúde do consumidor, bem como a reputação de toda a cadeia produtiva. 

Sustentabilidade na Piscicultura

A técnica utiliza pigmentos extraídos de resíduos agroalimentares e um polímero biodegradável (policaprolactona), além de ser de baixo custo de tempo e energia.

O que facilita a escalabilidade e o manejo sem adicionar custos ao pescado, inviabilizando o consumo. É o exemplo de promessa de valor (impacto social, ambiental e segurança alimentar) que a sustentabilidade alinhada ao processo produtivo consegue entregar. 

Além disso, a inovação busca nas hortaliças sua cadeia de insumos (repolho roxo, por exemplo) dando novas vocações aos produtos agrícolas brasileiros e criando uma nova camada de produtos (maior valor agregado), um degrau acima de apenas commodities.

Considerações Finais

Dentro das boas práticas de conservação do pescado, os 3 principais fatores cruciais para conservação do pescado são: tempo, higiene e temperatura; respeitadas durante o processamento da proteína de modo a reduzir os riscos. 

Mas, e depois? É aí que as embalagens inteligentes entram, impactando diretamente a exigência do frescor dos alimentos combinada à segurança para o consumidor.

Falamos de qualidade, sabor e também de garantir a qualidade ao usuário final, bem como reduzir o risco dos mercados que expõem estes alimentos em suas prateleiras. Do fornecimento às prateleiras ao consumo, todos ganham uma nova camada de segurança, enquanto a psicultura fica mais sustentável.

REFERÊNCIAS: Embalagem inteligente muda de cor para avisar que o peixe estragou.