HomeSustentabilidade Nova tecnologia converte resíduos de hortifrúti em energia limpa

Nova tecnologia converte resíduos de hortifrúti em energia limpa

Sistema da Embrapa e UFC transforma até 25 toneladas de descartes mensais em biogás e fertilizante

Imagem: Istockphoto.com
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Perdas em energia renovável

Um novo Sistema Integrado de Reatores Anaeróbios foi desenvolvido para reverter uma situação comum nas centrais de abastecimento (Ceasas) do País. A tecnologia transforma um grande passivo ambiental em fonte de energia limpa, reaproveitando biomassa e reduzindo custos financeiros e ambientais.

A urgência para esta solução nasceu do volume expressivo de alimentos perdidos. A Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa-CE) descarta cerca de 17 a 25 toneladas de frutas e hortaliças por mês. Este montante, impróprio para consumo humano por danos no transporte ou armazenamento, era destinado ao aterro sanitário.

Este descarte gera um custo operacional superior a R$ 200 mil por mês para a Ceasa-CE. Além do impacto financeiro direto, o envio ao aterro aumenta o impacto ambiental, reforçando o desafio nacional. Estima-se que mais de 40% dos alimentos produzidos no Brasil sejam perdidos em algum ponto da cadeia produtiva.

O processo inovador

O novo modelo aprimora os métodos tradicionais de digestão anaeróbia. A tecnologia aplica um pré-tratamento que aumenta a eficiência de todo o processo de conversão. Os resíduos de hortifrúti são triturados e prensados, separando o material em frações líquida e sólida.

Essa separação permite que cada fração seja direcionada a um reator especializado. A etapa garante a maximização da produção de biogás, que possui um alto teor de metano. O foco é otimizar os recursos disponíveis para atingir a melhor performance energética possível.

O sistema integrado apresenta vantagens operacionais e ambientais concretas:

  • Aproveitamento integral dos alimentos descartados, alinhado à economia circular.
  • Geração de biogás com alto teor de metano, combustível valioso e renovável.
  • Redução da área necessária para a instalação dos reatores.
  • Mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) geradas pelo descarte em aterros.
  • Diminuição dos custos de descarte e transporte do material.

A tecnologia é fruto de uma colaboração entre a Embrapa Agroindústria Tropical e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Embora o foco inicial seja a Ceasa do estado, o potencial de replicação se estende a todas as 57 centrais de abastecimento do Brasil.

Aplicação e retorno prático

Para a Ceasa-CE, a aplicação prática é sinônimo de lucratividade e longevidade do negócio. A quantidade de biogás gerada é suficiente para suprir até 100% da demanda por energia elétrica nos horários de pico. Isso representa uma economia de 20% na conta de luz da central.

O excedente de energia, ou o próprio biogás após purificação, também pode se tornar um novo produto a ser comercializado como biometano.

“Caso não seja utilizado na própria Ceasa, esse biogás pode ser comercializado na forma de biometano após tratamento adequado.”

Renato Leitão, pesquisador da Embrapa Agroindústria Tropical

A inovação não se restringe à energia. A fração sólida dos resíduos é encaminhada para compostagem, um processo que resulta em fertilizante orgânico de alta qualidade. Esta dupla conversão ataca o problema do desperdício em duas frentes, transformando um passivo em ativos valiosos.

“O impacto pode ser enorme: energia limpa, menos resíduos, mais empregos e economia circular na prática.”

André dos Santos, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da UFC

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