Sistema de Plantio Direto Aumenta Resiliência das Lavouras Diante de Mudanças Climáticas, Aponta Estudo.

Estudo utiliza modelos matemáticos para simular impactos do aumento das temperaturas nas lavouras. Sistema de Plantio Direto soa como alívio frente às conclusões preocupantes do experimento.

Plantio Direto Aumenta Resiliência das Lavouras. Imagem: Istockphoto.com

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As mudanças climáticas fazem parte da gestão de risco no agronegócio. E não é de hoje que a necessidade de inovação entrou no radar da pesquisa agropecuária. Neste contexto, o desenvolvimento de novas tecnologias de manejo tem ajudado nosso agronegócio a ser mais produtivo, rentável e sustentável.

Recentemente, pesquisadores publicaram os resultados de uma pesquisa que utilizou modelos matemáticos, calibrados para as características do cerrado brasileiro, para simular emissões de óxido nitroso (N2O) sob diferentes sistemas de manejo, em um período de 50 anos.

O estudo foi realizado em um experimento de longa duração implantado em 1995 na Embrapa Cerrados (DF), que contou com a colaboração da Embrapa Meio Ambiente (SP) e Universidade de Brasília (UnB). Os resultados estão descritos em artigo publicado no periódico Agriculture, Ecosystems & Environment.

Conclusões Preocupantes do Experimento

A pesquisa trouxe conclusões preocupantes quanto ao aumento da temperatura ao longo do tempo e seus impactos nos sistemas agrícolas e meio ambiente. Os modelos identificaram que enquanto a temperatura subia as emissões eram cada vez maiores e a produção de biomassa e o rendimento dos grãos diminuíam.

O modelo utilizado na simulação é o solo-cultura STICS (sigla para Simulateur mulTIdisciplinaire pour les Cultures Standard), que demonstrou elevada precisão para simular e prever o crescimento e a produtividade das culturas de grãos, bem como as emissões de N2O.

O STICS, eficaz também na simulação da dinâmica hídrica e temperatura do solo, foi capaz de simular os impactos das mudanças climáticas em cultivos de sistemas de plantio convencional e plantio direto.

Foram avaliados três sistemas de uso do solo:

  • Preparo convencional com grade de discos e rotação bianual de gramínea/leguminosa (milho/soja) (CT);
  • Plantio direto, com sucessão cultural leguminosa-gramínea (soja/sorgo) (NT1);
  • Plantio direto, com sucessão gramínea-leguminosa (milho/feijão guandu) (NT2).

O experimento ainda utilizou câmaras estáticas fechadas para medir os fluxos de N2O para a modelagem na pesquisa. Foram coletados dados do solo, crescimento, desenvolvimento e rendimento das variedades cultivadas. Além da umidade e temperatura do solo, de acordo com a lavoura analisada.

Sistema de Plantio Direto Aumenta Resiliência das Lavouras

Apesar das conclusões preocupantes, as simulações também identificaram que as lavouras cultivadas sob o Sistema Plantio Direto, que utilizam as plantas como cobertura de solo, apresentaram maior resiliência ao aumento das temperaturas.

Embora tenha havido perda de produtividade e redução de biomassa, ao longo dos anos, o cultivo no SPD manteve a lavoura mais produtiva e com menor emissão de N2O em comparação aos sistemas convencionais.

“Em relação às emissões acumuladas de N2O estimadas pelo STICS, podemos verificar que, no caso da cultura de milho, as emissões sob o tratamento plantio direto (milho + feijão guandu) foram em média 3,5 vezes menores do que sob o tratamento convencional (apenas safra de milho). No caso da soja, as emissões de N2O no sistema plantio direto (soja + sorgo) foram 2,5 vezes menores em comparação ao tratamento preparo convencional (apenas safra de soja), como mostramos no estudo”.

Alfredo Luiz, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

O experimento chama a atenção para as tecnologias de manejo do agronegócio brasileiro, cada vez mais eficientes em produtividade e sustentabilidade. A partir deste experimento, mais uma vantagem foi adicionada, já que nosso manejo também é eficiente em mitigar riscos das mudanças climáticas.

“De modo geral, menores emissões de N2O, simuladas ou observadas, podem ser explicadas pela não perturbação do solo (plantio direto) e pela presença de plantas de cobertura, que oferecem maior estabilidade de agregados e predominância de frações mais estáveis da matéria orgânica”.

Arminda Carvalho, pesquisadora da Embrapa.

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