União Europeia: Pressão Ambiental e Sanitária Reduz Produção de Leite

A produção de leite na União Europeia deve registrar queda pelo segundo ano consecutivo em 2026, com recuo estimado de 0,5%. O setor enfrenta um conjunto de desafios que vão desde políticas ambientais rigorosas até surtos de doenças animais, fatores que impactam diretamente a continuidade das operações e aceleram a redução do rebanho leiteiro.

Clima e regulações

O bloco europeu vive um momento de ajuste estrutural motivado por metas climáticas e regulatórias. A introdução de impostos sobre emissões agrícolas, como a taxa de carbono na Dinamarca, eleva os custos operacionais e desencoraja a manutenção de grandes plantéis.

Esse cenário, somado à falta de sucessão familiar, tem levado ao fechamento de propriedades tradicionais. Em 2026, a produção de leite deve alcançar 144,8 milhões de toneladas, enquanto o número de vacas leiteiras deve cair para cerca de 19,050 milhões de cabeças.

Risco sanitário

Além da pressão regulatória, o produtor europeu lida com o avanço de enfermidades como a Língua Azul (BTV) e a Doença Cutânea Nodular (LSD). Embora a produtividade por animal apresente leves ganhos, esse avanço não é suficiente para compensar a perda física de animais e as restrições de manejo impostas pelos protocolos de controle sanitário.

Em agosto de 2025, os preços ao produtor estavam 12% acima do ano anterior e 25% acima da média de cinco anos, mas mesmo com margens melhores, a queda na oferta persiste.

Novos rumos para mitigar riscos

Com menos leite disponível, a indústria europeia tem priorizado a fabricação de queijos, produto que oferece melhores margens em comparação à manteiga e ao leite em pó.

Essa mudança estratégica busca preservar a rentabilidade da cadeia, embora o bloco perca espaço no mercado global de exportação para concorrentes com custos de produção mais baixos e regulamentações menos restritivas.

Em 2026, as exportações de queijo da UE devem cair 1% para 1,37 milhão de toneladas, enquanto a produção de manteiga também recua, acompanhando a menor disponibilidade de leite.