Consumo de Proteína Animal no Brasil Cresceu 12,87% em 10 anos. Carne Bovina Perdeu Espaço.

O consumo per capita de proteína animal no Brasil cresceu ao longo de uma década para quase todas as ofertas como: ovos, peixes de cultivo e frango. No entanto, a carne bovina perdeu espaço na mesa do consumidor.

Consumo de Proteína Animal no Brasil Cresceu 12,87% em 10 anos. Carne Bovina Perdeu Espaço.
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Entre os anos de 2014 e 2023 o Brasil viu o consumo per capita de proteína animal crescer. Em  meio a um cenário de muitas variáveis, quase todas as ofertas de proteínas obtiveram aumento no consumo, embora cadeias fortes tenham perdido espaço.

A carne bovina, apesar do crescimento de produção no período, registrou uma queda importante no consumo per capita. No caminho contrário, a carne de frango, os peixes de cultivo, ovos e suínos registraram crescimento importante.

Crescimento do Consumo de Proteína Animal no Brasil

Entre as principais ofertas de proteína do mercado, o total consumido per capita em 2014 foi de 26,48 milhões de toneladas. Em 2023, o volume foi 12.87% maior, totalizando 29,89 milhões de toneladas per capita. As principais variações foram:

  • Peixes de Cultivo: +45%;
  • Ovos: +37,84%;
  • Carne Suína: +24,83%;
  • Carne Bovina: -23.81%.

Dados: PEIXE BR, 2025. Comparativo entre 2014 e 2023.

Peixes de Cultivo

A produção de peixes de cultivo no Brasil cresceu 53.20%, entre 2014 e 2023, enquanto o consumo per capita da proteína cresceu 45%. Em 2014 o brasileiro consumia, em média, 3 kg de peixes de cultivo anualmente. Em 2023 o valor chegou a 4,35 kg per capita.

O destaque entre os peixes de cultivo foi a tilápia, que domina a produção setorial no Brasil. O volume de produção da tilápia cresceu 103% ao longo de uma década, enquanto o consumo per capita saltou 93,2%, saindo de 1,47 kg (2014) para 2,84 kg (2023).

Os aumentos de produção foram suficientes para suprir demanda interna e exportações. A valorização de 26,5% no preço da tilápia, entre 2021 e 2023 (CEPEA/Esalq USP, 2025. Preços da tilápia – Oeste do Paraná), não inibiu o crescimento do mercado.

Carne de Frango

A proteína de frango teve um aumento de produção de 16,54%, saindo de 12,7 milhões toneladas (2014) para 14,8 milhões toneladas (2023). Enquanto as cotações subiram 86,26%, entre 2014 e 2023 (CEPEA/Esalq USP, 2025. Preços do Frango Congelado, SP).

No período, o consumo per capita cresceu 9,52%, saindo de 42 kg em 2014 para um consumo médio anual de 46 kg no ano de 2023.

Carne Suína

A produção de carne suína no Brasil saiu de 12,7 milhões de toneladas em 2014 para 14,8 milhões de toneladas em 2023. O aumento de 48,57% na produção não se refletiu completamente na performance de mercado interno.

No mesmo período, o consumo cresceu 24,83%, saindo de 14,5 kg em 2014 para 18,1 kg de consumo médio anual per capita, em 2023. Enquanto as cotações subiram 70,79%, entre 2014 e 2023 (CEPEA/Esalq USP, 2025. Preços da Carcaça Suína Especial).

Ovos

O ovo foi uma das proteínas animais de maior destaque ao longo de uma década. A produção cresceu 55,88% (2014 a 2023) e chegou a 53 bilhões unidades. No mesmo período, o consumo per capita cresceu 37,84%, chegando a 255 unidades anuais, por pessoa.

Leite

A produção de leite pode ser uma das mais desafiadoras atividades agropecuárias do Brasil. A proteína enfrenta um cenário de margens apertadas e concorrência com leite em pó argentino, com potencial explosivo sobre a atividade interna.

Para termos uma ideia, a produção, entre 2014 e 2023, cresceu apenas 2,65% e sofreu com as variações de preço que, apesar de uma valorização de 157,33%, foi negociado (média paga ao produtor) a apenas R$ 2,24 por litro em 2023 (CEPEA/Esalq USP, 2025. Valor Médio por Litro ao Produtor).

No mesmo período, o consumo per capita de leite caiu de 175 litros (2014) para 172 litros (2023), registrando uma variação negativa de 1,71%.

Carne Bovina

A produção de carne bovina é a principal atividade pecuária brasileira e um dos maiores ativos de exportação do agronegócio nacional. No entando, por seu ciclo longo e alto valor agregado, é também uma das mais caras e suscetíveis às quedas de poder de compra.

Entre 2014 e 2023, a produção de carne bovina no Brasil cresceu 16% (USDA, 2025). No entanto, o consumo per capita caiu 23,81% no período, saindo de 42 kg (2014) para 32 kg (2023). A redução do mercado interno veio acompanhada com uma valorização de 75,14% nas cotações, entre 2014 e 2023 (CEPEA/Esalq USP, 2025. Indicador do Boi Gordo).

Considerações Finais

A movimentação ao longo de uma década envolve variáveis a serem consideradas, como a oscilação dos preços, influenciada, entre outros fatores, pela inflação e a valorização do dólar. O que impacta os mercados e afeta hábitos de consumo dos brasileiros.

O indicador de inflação acumulado (IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no período – dez/2014 a dez 2023 – foi de 68,14% (IBGE), enquanto a valorização do dólar foi de 50,15% (CEPEA/Esalq USP). Essas variações ajudam a entender os movimentos de preços das commodities que apresentaram altas acima da inflação acumulada. 

Demanda Elástica da Carne Bovina

A combinação de inflação e aumento do dólar encarece as proteínas, exigindo dos consumidores uma mudança nos hábitos para manter o cardápio, da melhor forma possível.

Nesse contexto, a carne bovina é a que mais sofre com a elasticidade de demanda (consumo cai conforme o preço sobre e o poder de compra retrai), já que seu alto valor agregado adicionado à alta do dólar (aumenta a atratividade da exportação) deixa o consumo recorrente proibitivo, levando o consumidor a buscar alternativas.

Produtos Substitutos

Na corrente contrária, as proteínas substitutas como a carne de porco e a de frango ganham relevância. Com um aumento de preço menor, tornam-se mais vantajosas, chegando a dar capilaridade ao consumo de carnes.

O crescimento no consumo fomenta o investimento nas cadeias produtivas, o que ajuda a escalar a produção e permite equilibrar a oferta interna com as oportunidades de exportação oferecidas com dólar alto.

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