Safra revisada amplia estoques e pressiona cotação do trigo
Produção maior e importações elevadas aumentam oferta interna, mantendo preços em queda nas principais regiões.

Projeção Revisada Aumenta Estoques
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) revisou para cima a estimativa da safra brasileira de trigo em 2025. O volume projetado alcança 7,698 milhões de toneladas, crescimento de 2,2% em relação ao cálculo de setembro.
A produtividade também avançou, chegando a 3,142 toneladas por hectare, impulsionada pelo desempenho das lavouras em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Apesar disso, a área cultivada segue em retração: 2,45 milhões de hectares, quase 20% abaixo da safra de 2024.
As importações previstas subiram para 6,632 milhões de toneladas, alta de 3,6% frente ao relatório anterior. Combinadas ao aumento da produção, elevam os suprimentos internos para 15,7 milhões de toneladas. Os estoques finais, em julho de 2026, devem atingir 1,857 milhão de toneladas, o maior nível desde 2020.
Pressão de Oferta Reduz o Valor
Mesmo com o alerta climático no Sul, os preços do trigo seguiram em queda em outubro.
- Rio Grande do Sul: recuo de 9,6%, média de R$ 1.138,41/t.
- Paraná: queda de 9,7%, média de R$ 1.216,53/t, menor desde outubro/23.
- São Paulo: baixa de 7,5%, média de R$ 1.161,58/t, menor nível real desde novembro/16.
- Santa Catarina: retração de 7%, média de R$ 1.263,26/t, menor desde abril/18.
A pressão vem da maior competitividade do trigo importado. O dólar em patamar elevado, próximo a R$ 5,30, e a expectativa de safra mundial recorde mantêm a oferta abundante, limitando qualquer reação das cotações internas.
Avanço da Colheita e Clima no Sul
Até 1º de novembro, a colheita nacional havia alcançado 50,9% da área cultivada. Estados como Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Bahia e São Paulo já concluíram os trabalhos.
No Paraná, 83% da safra estava colhida, com produtividades variando conforme os impactos da seca no início do ciclo e da umidade na maturação.
No Rio Grande do Sul, a colheita avançava sobre 17% da área total. Segundo a Emater/RS, até 30 de outubro, 27% da área havia sido colhida. As produtividades variam de 2,1 a 4,2 toneladas por hectare, dependendo do volume de chuvas e do nível tecnológico das propriedades. O tempo seco e os ventos favoreceram o avanço das máquinas, reduzindo a umidade dos grãos.
Argentina e Mercado Externo
Na Argentina, principal fornecedora do Brasil, o excesso de chuvas afetou mais de 23% das lavouras. Ainda assim, os preços mantiveram trajetória de queda diante da expectativa de safra volumosa. A média de outubro foi de US$ 218,45/t, 9,8% abaixo do mesmo mês de 2024, o menor valor desde dezembro de 2019.
No mercado internacional, as bolsas de Chicago e Kansas também registraram baixas, refletindo a ampla oferta no Hemisfério Norte e o avanço da colheita no Sul.
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Importações e Derivados
Segundo dados da Secex, o Brasil importou 533,76 mil toneladas de trigo em outubro, queda de 6,1% frente a setembro. No acumulado de janeiro a outubro, as compras somam 5,781 milhões de toneladas, o maior volume desde 2013.
Os derivados também acompanharam a desvalorização: farelo e farinhas recuaram entre 2% e 3% no mês, pressionados pela queda da matéria-prima e pela tentativa dos compradores de repassar a baixa às moageiras.
Conclusão
A revisão da Conab reforça o quadro de estoques elevados e preços pressionados. O clima segue como fator de risco no Sul, mas a abundância de oferta interna e externa mantém o trigo brasileiro em trajetória de desvalorização.
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