Tilápia brasileira ganha mapa para exportação e mira mercados premium
Pesquisa da Embrapa detalha rotas de crescimento para o pescado nacional na Europa e Estados Unidos, apontando estratégias para maior competitividade.
A tilápia é o carro-chefe da aquicultura no Brasil, que hoje é o quarto maior produtor mundial da espécie. O país registrou um avanço de 161% na produção entre 2013 e 2023, alcançando 440 mil toneladas (Embrapa Pesca e Aquicultura, 2025). Esse crescimento significativo demonstra o potencial de expansão, favorecido pela qualidade da água e disponibilidade de áreas.
Novos Rumos para o Pescado Nacional
O estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura analisou a fundo o consumo e a demanda em duas regiões com cenários bem distintos. Nos Estados Unidos, o consumo é robusto, chegando a 460 gramas por habitante ao ano.
Na Europa, o cenário é de nicho, com média de consumo muito baixa, de apenas 39 gramas anuais por pessoa. O foco da pesquisa foi detalhar o panorama para que os produtores brasileiros possam direcionar melhor suas estratégias de exportação e ganho de mercado.
Saiba quem Domina a Produção de Tilápia no Brasil
Estratégias para Conquistar os Estados Unidos
No mercado americano, a recomendação é diversificar. O Brasil tem mais presença no filé fresco, mas a grande demanda está nos produtos congelados. Algumas empresas já investiam nesse segmento, que, apesar de mais competitivo em preço, tem maior volume de mercado.
Além disso, a Embrapa aponta a importância da agregação de valor para conquistar nichos premium e a crescente exigência por rastreabilidade. É uma via para o desenvolvimento econômico sustentável.
“No caso dos Estados Unidos, chama a atenção a grande popularidade da tilápia junto aos consumidores em todo o país, o que tem proporcionado o crescimento do consumo de diversos produtos de tilápia, tanto frescos como congelados. A tilápia rompeu os nichos de mercados asiáticos e latinos e hoje é um produto consumido de maneira ampla. Por outro lado, no caso da Europa percebemos um consumo de tilápia bem mais limitado, sendo focado nos nichos de mercados étnicos e em produtos congelados com preços mais reduzidos.”
Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura
Como Crescer na Europa
Na Europa, a estratégia é apostar no filé fresco. A boa reputação do produto nacional é um diferencial forte. Os exportadores podem se beneficiar da grande oferta de voos, essenciais para a logística de produtos frescos.
Contudo, é crucial um trabalho de comunicação e marketing para que a tilápia brasileira se torne mais conhecida e vá além dos nichos étnicos. A sustentabilidade passa por essa abertura de mercado e pela diferenciação de qualidade.
Existe um fato favorável que pode impulsionar a competitividade brasileira no continente europeu. Os preços da tilápia chinesa, um dos principais concorrentes, estão subindo. Isso acontece por causa dos aumentos nos custos de ração e transporte na China.
Isso abre uma janela de oportunidade para o produto nacional, especialmente para quem investir em diferenciação e qualidade, competindo de frente com espécies como panga e polaca do Alasca.
Superando os Desafios Setoriais
O caminho, claro, envolve desafios. O famoso “tarifaço” imposto nos Estados Unidos ainda exige atenção. Mesmo com uma queda menor que a esperada nas exportações, de 32% em agosto deste ano comparado a agosto de 2024, o tema está na mesa. Para os dois mercados, o produtor precisa focar em pontos de excelência e inovação:
- Estabelecer preços mais competitivos;
- Investir em certificação internacional;
- Otimizar a logística de exportação de produtos frescos;
- Realizar ações de comunicação e marketing para o consumidor final.
O estudo demonstra que o avanço do setor depende da inovação e da gestão de riscos. A Embrapa, com o apoio da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), pavimentou um caminho para que o Brasil utilize sua proficiência produtiva para elevar sua participação global.
O agronegócio, ao focar na qualidade, rastreabilidade e eficiência, transforma a aquicultura em um vetor de desenvolvimento econômico que incorpora plenamente a sustentabilidade.
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