Brasil é Principal Destino do Leite em Pó Argentino. Compramos 63,5% do Total Destinado às Exportações.
Brasil é o principal destino das exportações de leite em pó argentino. O impacto da entrada do produto pode ser uma saída silenciosa de pequenos produtores, prejudicando toda a cadeia produtiva leiteira.
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A Argentina é décimo maior produtor de leite do mundo com 11,7 milhões de toneladas de leite fluido produzidos em 2023/24. Menos da metade das 27,69 milhões de toneladas produzidas pelo Brasil no mesmo período (USDA, 2024).
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Apesar dos números superlativos do Brasil em relação a nossos vizinhos, a produção leiteira argentina tem sido uma dor de cabeça para os produtores brasileiros. Pois o leite, quando entra em nosso mercado, influencia nosso preço e impacta a competitividade das fazendas nacionais.
A importação de leite em pó da Argentina é uma forma de aumentar a oferta e manter o preço estável ou baixo. Como consequência, os preços ficam defasados em relação aos custos de produção, trazendo consequências graves para a cadeia produtiva, que não consegue recompor seus custos sem repassar aumentos ao consumidor.
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Produção Leiteira em Tempos de Recessão
O relatório USDA Anual de Laticínios e Produtos – Argentina trouxe um demonstrativo dos resultados e perspectivas para o país, incluindo dados históricos 2023 e 2024, com projeções para 2025.
O ano de 2024 para a pecuária leiteira Argentina foi marcado por uma queda de consumo que chegou a 21,6% no início do ano. Decorrente de um quadro de recessão econômica que afetou diversos setores da economia de consumo e produção.
Com a produção de leite de vaca não foi diferente. Além da crise financeira, fatores como a alimentação do gado foram cruciais para uma queda de produção, em decorrência da incidência de cigarrinha do milho, que derrubou a qualidade do trato dos animais.
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Recuperação da Capacidade Produtiva e de Consumo
Para 2025 espera-se uma recuperação da capacidade produtiva, alavancada por uma expectativa de aumento de consumo interno e exportações. Para o Leite Fluido projeta-se uma recuperação do consumo para os níveis de 2023.
Importação de Leite Argentino Impacta Preços
Para o leite em pó integral espera-se um crescimento de 10% na produção para 2025. O leite em pó integral é o principal destino do leite fluido que não é consumido internamente pelos argentinos, seja para consumo in natura ou fabricação de queijos etc.
O leite em pó é a conversão do excedente de consumo, por isso tem uma relação intrínseca com o aumento da produção da commodity na Argentina, se aumenta a produção do leite cru maior será o volume de leite em pó produzido.
Apesar das expectativas de aumento do consumo interno do próprio leite em pó, cerca de 9% para 2025, as exportações seguem como o principal destino da variedade. Nos sete primeiros meses de 2024 houve aumento de 27% nas exportações em relação ao mesmo período de 2023.
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Brasil é Principal Destino do Leite em Pó Argentino
O perfil social da pecuária leiteira no Brasil agrava os riscos da inviabilidade econômica da atividade, se o aumento da produção na Argentina representar um volume maior chegando ao Brasil. Para termos uma ideia, em 2023, um dos principais destinos do produto foi o Brasil, que comprou 63,5% do volume exportado.
Perfil Socioeconômico da Pecuária Leiteira Nacional.
Segundo o censo agropecuário (IBGE, 2017) 73% do pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários possui laço de parentesco com o produtor, demonstrando oc aráter familiar do agronegócio.
Em termos de área, 70% dos estabelecimentos têm área entre 1 e 50 hectares. O número de propriedades leiteiras registrado em 2017 foi de 1.171.190 (13% menor que o registrado no censo de 2006), com uma produção de 30,11 bilhões de litros (50% maior que o registrado em 2006).
Apesar do aumento de produtividade, ainda produzimos, na média, 25.709 litros por ano por propriedade, que traz uma média de 70 litros por dia por estabelecimento. Considerando a cotação do valor pago ao produtor R$ 2,7607 por litro de leite cru (Boletim do Leite Cepea/Esalq USP de Outubro de 2024) teremos uma produção média diária no valor de R$ 193,25.
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Apesar da crescente produtividade, os números ainda são tímidos pela escala de produção média, o que demonstra a fragilidade da cadeia produtiva frente a custos crescentes e competição anômala com produtos importados inundando o mercado nacional.
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