Efeito poupa-terra: Cada Hectare Recuperado Preserva 4 ha de Natureza

A aplicação de tecnologia em pastagens degradadas resulta em um efeito ambiental mensurável, conhecido como “poupa terra”. Este conceito demonstra como o aumento da produtividade por área (intensificação) diminui a necessidade de conversão de novas florestas ou vegetação nativa para pastagem.

Os resultados de um programa de intensificação de bovinocultura de corte no Tocantins quantificaram esse ganho ambiental. A intervenção tecnológica, que promove o manejo eficiente e a recuperação de pastagens, garantiu que a mesma quantidade de carne fosse produzida em uma área muito menor.

O Custo Ambiental da Baixa Produtividade

O Tocantins é um estado importante para a pecuária brasileira, mas enfrenta desafios ambientais consideráveis. Entre 1985 e 2022, o estado desmatou 4,5 milhões de hectares para conversão em pastagem, sendo o quinto maior responsável por este tipo de desmatamento no país.

Esta área equivale a 16,2% do território total do estado. A produtividade média dos sistemas tradicionais é baixa, frequentemente abaixo do potencial agronômico da região, devido às extensas áreas de pastagens degradadas.

A linha de base de 2018 para os produtores participantes do programa confirmou este cenário, registrando uma produtividade média de 115,2 kg de peso vivo por hectare anualmente.

A Intensificação como Solução de Conservação

O Programa ABC Corte promoveu uma mudança radical nesse cenário, alinhando a produção aos objetivos climáticos da Agenda 2030 e COP30.

• A intervenção do programa gerou um efeito de “poupa terra” estimado em 4,04 hectares para cada hectare onde a tecnologia foi aplicada com sucesso.
• A produtividade média em 2024 alcançou 978,22 kg de peso vivo por hectare anualmente.
• Esse resultado representa um aumento de cinco vezes em relação à produtividade da linha de base.

A elevação da produtividade e da taxa de lotação (que subiu para 3,88 UA/ha) é a força motriz por trás do efeito poupa-terra. Os impactos positivos foram avaliados por meio do sistema Ambitec-Agro, que também revelou melhorias na qualidade do solo e na eficiência do uso da água, essenciais para a sustentabilidade de longo prazo. O estudo reforça que a intensificação da produção é uma ferramenta direta para a conservação e para a redução da pressão sobre novas áreas.