Estudo Demonstrou Sequestro de Carbono 2,3 Vezes Maior que Emissão, na Cafeicultura Amazônica.
A diferença entre o carbono estocado na biomassa das plantas e a emissão de GEE durante a fase de produção do café permitiu o cálculo da pega de carbono do processo produtivo.

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O Estudo Comprova Sustentabilidade da Cafeicultura Brasileira, especialmente na produção familiar da região das Matas de Rondônia. Que apresentou um saldo positivo de 3.883,3 kg (cerca de 4 toneladas) por hectare ao ano.
“Estamos muito felizes com o resultado dessa pesquisa. O estudo comprova a sustentabilidade da cafeicultura praticada no bioma Amazônia. Para nós, é importantíssimo mostrar ao mundo, por meio da ciência, que a produção de café na Amazônia é sustentável”.
Juan Travian, presidente da Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon).
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Pesquisa Demonstra a Sustentabilidade da Cafeicultura Brasileira
O trabalho envolveu a equipe da Embrapa Territorial (SP) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar – Campus Araras). A conclusão foi que as lavouras do café canéfora locais são capazes de sequestrar 2,3 vezes mais carbono do que emitem, considerando a média anual no processo produtivo.
Para calcular o balanço foi utilizada a diferença entre o carbono armazenado (6.874,8 kg de carbono por hectare ao ano) e as emissões durante o ciclo de produção (2.991,5 kg por hectare ao ano). Desta forma, foi possível determinar o saldo de carbono da cafeicultura local.
A avaliação de 150 cafeeiros adultos, em dez propriedades rurais de cinco municípios da região das Matas de Rondônia trouxe, através de análises laboratoriais, a seguinte configuração com relação à concentração de carbono estocado:
- Tronco (36,4%);
- Raízes (24,3%);
- Folhas (23,8%);
- Galhos (10,1%);
- Frutos (5,4%).
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Além das análises do cafezal, foram aplicados questionários, reuniões e entrevistas com produtores locais para coletar dados que tornaram possível a criação de uma planilha que calcula a pegada de carbono da produção de café na região.
Considerando as principais fontes de emissão como o uso de calcário e fertilizantes (sintéticos nitrogenados e orgânicos), o consumo de combustíveis fósseis nas operações agrícolas e o uso de energia elétrica nos sistemas de irrigação, a pegada de carbono foi calculada em 0,84 kg de gás carbônico equivalente por kg de café verde produzido.
O valor serve de referência para outros estudos mas também para melhorias no processo produtivo, bem como na formulação de políticas públicas e de crédito para estimular o comércio desses créditos como pagamento por serviços ambientais, aumentando a rentabilidade dos produtores e promovendo impacto ambiental positivo e melhora nos indicadores sociais.
“São dados muito relevantes. Nosso objetivo é que seja trabalhada a monetização desse carbono, de modo a beneficiar o cafeicultor das Matas de Rondônia diretamente, ou por meio da redução da taxa de juros”.
Oberdan Pandolfi Ermita, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credip.
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Impactos da Sustentabilidade da Cafeicultura Brasileira no Mercado de Crédito
A inadimplência dos produtores rurais no Brasil tem seguido uma tendência de alta, saindo de 5,9% (quarto trimestre de 2021) para 7,6% (quarto trimestre de 2024. Embora seja considerado um cenário pouco preocupante, é necessário compreender as razões para o aumento, bem como a natureza das dívidas.
A redução da capacidade dos produtores de honrarem seus compromissos pode trazer efeitos no médio prazo, quando o cumprimento de metas ambientais e de preservação previstas em lei demandem investimentos na propriedade, sem o pagamento de serviços ambientais.
Neste contexto, o balanço de carbono positivo pode ser uma grande vantagem para atividade agrícola ou pecuária. Seja através de uma linha de crédito especial ou negociando os créditos de carbono diretamente com os bancos, os produtores rurais podem ter encontrado uma nova fonte de renda.
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Agricultura Familiar Sustentável e Rentável
O perfil do bioma pode influenciar diretamente no tamanho do passivo ambiental e, consequentemente, na redução da área produtiva, exigindo do produtor uma eficiência maior em gerar o maior rendimento financeiro por hectare.
Por isso, a pesquisa da Embrapa preenche uma lacuna importantíssima na combinação dos três pilares fundamentais da sustentabilidade (econômico, social e ambiental), apresentando um cenário onde o pequeno produtor produz de forma sustentável e abre margem para menores taxas de financiamento ou adiciona recebíveis à receita, pela adoção de práticas sustentáveis.
A melhora na rentabilidade dos produtores gera maior circulação de dinheiro em serviços e comércio regionais, bem como melhora o desempenho dos indicadores sociais da região, dando capilaridade à prosperidade que o agro é capaz de levar.
REFERÊNCIAS: Agência Embrapa / Cafezais das Matas de Rondônia sequestram 2,3 vezes mais carbono do que emitem.