HomeSustentabilidade Genética da mandioca otimiza colheita e impulsiona rentabilidade no Centro-Sul

Genética da mandioca otimiza colheita e impulsiona rentabilidade no Centro-Sul

Pesquisa agrícola disponibiliza duas novas variedades de mandioca para a indústria, combinando teor elevado de amido com produtividade recorde na principal região produtora de fécula do país.

A BRS Boitatá tem as raízes com a cor externa branca, característica desejada tanto pela indústria de amido quanto pelas farinheiras. Imagem: Embrapa.
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Inovação para a Indústria

A pesquisa agropecuária brasileira, através da Embrapa, acaba de apresentar ao setor industrial e aos produtores rurais duas novas cultivares de mandioca: a BRS Ocauçu e a BRS Boitatá. Os materiais genéticos foram desenvolvidos para atender à crescente demanda da região Centro-Sul, responsável por cerca de 80% da produção nacional de fécula. O foco do melhoramento foi harmonizar o alto teor de amido, essencial para a indústria alimentícia e de outros setores, com uma produtividade de campo superior.

O desenvolvimento dessas variedades resolve um dilema na cadeia produtiva, onde a remuneração ao agricultor está diretamente ligada à concentração de amido na raiz. Historicamente, variedades com muito amido tinham baixo rendimento por área, e vice-versa. A união de alto teor de amido e alta produtividade por hectare maximiza o preço unitário e o retorno financeiro para o produtor, impactando positivamente a longevidade da cadeia produtiva.

“O preço unitário da mandioca é referenciado pela quantidade de amido, ou seja, quanto mais amido tiver a raiz, maior o preço. O alto teor de amido é bom para a indústria, mas se não tiver alta produtividade, não é bom para o produtor.”

Marco Antonio Rangel, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura

Os resultados dos testes, realizados ao longo de mais de uma década, mostram o potencial destas novas cultivares. Em condições de campo, as variedades superaram a produtividade local padrão em até 150%, com colheitas acima de 33 toneladas por hectare no primeiro ciclo (12 meses). Essa alta performance se manteve no segundo ciclo (18 a 24 meses), com registros acima de 41 toneladas por hectare.

Além da produtividade elevada, o produtor ganha uma importante ferramenta de gestão de mercado. As novas variedades oferecem potencial produtivo tanto na colheita precoce quanto na tardia. Isso permite que o agricultor adie a colheita para o segundo ciclo se as condições de mercado, como preços baixos, não forem favoráveis no primeiro ano.

A pesquisa genética também focou em características específicas que facilitam o manejo e garantem a qualidade final do produto, atendendo às exigências da indústria. A BRS Boitatá, por exemplo, possui a cor externa da raiz branca, uma preferência das farinheiras que assegura uma farinha de melhor qualidade e evita o escurecimento.

Vantagens no Campo e Sustentabilidade

As cultivares foram selecionadas visando a otimização das operações agrícolas e a conservação do meio ambiente, alinhando-se aos princípios de uma produção sustentável. Os materiais apresentam características que auxiliam na redução de custos e na estabilidade produtiva.

  • As hastes retas favorecem o plantio mecanizado, predominante na região.
  • A grande produção de folhas cobre rapidamente o solo, o que inibe o desenvolvimento de plantas daninhas e reduz a necessidade de capinas, gerando economia.
  • Os materiais têm resistência moderada às principais doenças da mandioca no Centro-Sul, como a bacteriose, o que aumenta a segurança do investimento.

Uma das maiores vantagens é a aptidão dos materiais ao plantio direto, um sistema conservacionista que combate a erosão, protegendo os recursos naturais. A manutenção de restos vegetais na superfície garante a cobertura e a longevidade produtiva da área, o que é fundamental para a saúde do agroecossistema.

“É um sistema mais sustentável. Procuramos incentivar nossos produtores a utilizar esse sistema, adotando plantas de cobertura.”

Cleiton Zebalho, engenheiro-agrônomo da Cooperativa Agrícola Sul-Mato-Grossense (Copasul)

O desenvolvimento e validação dessas cultivares foram um esforço conjunto da Embrapa com parceiros como a Copasul. O trabalho em rede garante que o produtor receba material de plantio com sanidade e identidade genética preservada, assegurando a qualidade e o vigor na lavoura. A estratégia é formar um portfólio de produtos que ofereça a melhor resposta para as diferentes realidades e estratégias de mercado do produtor.

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