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Genética do capim-elefante abre portas para maior produtividade no campo

Estudo internacional mapeia genes essenciais para elevar a oferta de biomassa e a resistência da cultura no Brasil.

A BRS Capiaçu, de porte alto, é voltada para a produção de silagem e forragem no cocho. Foto: Divulgação Embrapa.

Pesquisadores da Embrapa, em parceria com instituições estrangeiras, conseguiram decifrar o código genético de uma coleção global de capim-elefante, identificando genes que ditam desde o crescimento acelerado até a capacidade de suportar secas prolongadas.

Os resultados do estudo, publicado em G3: Genes|Genomes|Genetics, embasam o desenvolvimento de novas variedades, que antes levava décadas, com uma precisão cirúrgica e em tempo reduzido.

Genes de produtividade

Durante o estudo foi realizado o sequenciamento de 450 genótipos de capim‑elefante, coletados em 18 países, representando uma ampla diversidade genética da espécie. Ao analisar esse conjunto, os pesquisadores identificaram mais de 170 milhões de variações no DNA da planta, um volume de informações que funciona como um verdadeiro manual para orientar o melhoramento genético.

A pesquisa revelou genes específicos ligados ao acúmulo de biomassa e à qualidade da fibra. Isso é fundamental tanto para quem usa a planta como forragem para o gado quanto para as indústrias de bioenergia, que buscam alto rendimento térmico. Entender a arquitetura da planta através de suas moléculas permite que o produtor rural tenha acesso, no futuro próximo, a sementes e mudas com garantia de desempenho superior.

“Com a identificação desses genes, os programas de melhoramento genético poderão ser acelerados e direcionados, permitindo o desenvolvimento de novas variedades de capim-elefante que sejam mais produtivas, mais tolerantes à seca e que exijam menos fertilizantes, contribuindo para a produção mais eficiente e sustentável seja de forragem, seja de bioenergia”.

Jorge Fernando Pereira, pesquisador da Embrapa.

Tecnologia contra o estresse climático

Um dos pontos mais sensíveis para o produtor é a resiliência da lavoura. O estudo identificou variações genéticas que ajudam o capim-elefante a sobreviver em condições adversas, como solos com baixa fertilidade ou períodos de estiagem.

A aplicação prática dessa descoberta está no melhoramento genético assistido por marcadores. Em vez de plantar e esperar anos para ver qual linhagem se sai melhor no campo, os cientistas podem agora olhar para o DNA da planta e prever seu sucesso.

“Esse estudo representa um avanço de conhecimento significativo, fornecendo informações importantes para identificação de marcadores moleculares específicos que são fundamentais para a aplicação de ferramentas genômicas na rotina dos programas de melhoramento genético da espécie”.

Ana Luisa Sousa Azevedo, pesquisadora da Embrapa.

Benefícios estratégicos

  • Redução no tempo de lançamento de novas variedades no mercado
  • Aumento da densidade energética para produção de pellets e biocombustíveis
  • Melhor digestibilidade da planta quando utilizada na nutrição animal
  • Maior estabilidade da produção em regiões com desafios hídricos

O agro não busca apenas crescer em área, mas em inteligência produtiva, buscando eficiência e intensificação da produção em cada metro quadrado disponível. O capim-elefante, já conhecido por sua robustez, agora entra em uma nova era onde cada hectare plantado poderá entregar muito mais valor com menos impacto.

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