Inadimplência do Agro Acelera e Dívidas Maiores Pressionam Produtor

A análise do mercado de crédito rural mostra um cenário de maior cautela para a continuidade dos negócios no agronegócio. Indicadores do segundo trimestre de 2025 apontam para o aumento do endividamento e para a piora do perfil de risco dos agricultores e pecuaristas.

O problema central não é apenas o número de devedores, mas o valor envolvido nas pendências financeiras. É crucial que a cadeia produtiva compreenda essa dinâmica para gerenciar o risco e garantir a sustentabilidade do setor.

Crédito Rural em Alerta

O score médio da população rural brasileira, ferramenta que mede a probabilidade de honrar compromissos, caiu para 605 pontos. Este resultado representa um declínio de 39 pontos em apenas um ano, mostrando que o risco de crédito se elevou de forma considerável.

Em paralelo, a taxa de inadimplência no segmento agro subiu para 8,1%. Isso é 1,1 ponto percentual a mais na comparação com o segundo trimestre do ano anterior.

• As regiões Sul e Sudeste mantiveram o desempenho superior à média nacional no score.
• O Sul terminou o período com a pontuação de 720.
• Já o Sudeste registrou 655 pontos de média.

Endividamento com Valores Mais Altos

Apesar da leve queda na quantidade de registros de negativação, o impacto financeiro das dívidas cresceu drasticamente. A quantidade de negativações no agro recuou 3,9% de um ano para o outro. No entanto, o montante total desses débitos subiu 26,5% no mesmo intervalo.

• Tal desequilíbrio resultou em um aumento expressivo no ticket médio das dívidas.
• O valor médio de cada dívida negativada elevou-se em 31,6%.

A Escalada das Recuperações Judiciais

A realidade de maior estresse financeiro é evidenciada pelo avanço dos pedidos de recuperação judicial. Nos primeiros seis meses de 2025, o número de solicitações atingiu 73% da quantidade total registrada em todo o ano de 2024. É um ritmo de crescimento que merece atenção dos agentes de mercado.

• Os produtores que solicitaram a recuperação judicial apresentavam, em média, scores de crédito mais baixos nos três anos anteriores ao pedido.

Desafios por Perfil do Produtor

Ao analisar o risco por porte de propriedade, percebe-se que as maiores taxas de inadimplência não se concentram nos pequenos, embora eles sejam a maioria da população rural.

A maior taxa, de 10,5%, está na população que não possui registro em cadastros rurais. Imediatamente após, aparecem os grandes proprietários, com uma taxa de 9,2%. Isso sugere que a crise de crédito está atingindo a cadeia produtiva de forma abrangente.