HomeAgronegócio Suinocultura: estabilidade interna e incerteza global impactam mercado no Brasil

Suinocultura: estabilidade interna e incerteza global impactam mercado no Brasil

O setor suinícola brasileiro navega em equilíbrio de preços internos, mas atenção está no cenário global, com potencial de ganhos externos.

Imagem: Istockphoto.com

O mercado suinícola brasileiro manteve a estabilidade de preços em novembro de 2025, um cenário registrado em todas as praças acompanhadas pelo Cepea, conforme o Boletim do Suíno 183, de novembro de 2025.

É crucial observar os movimentos do mercado, que indicam uma relação de equilíbrio entre a quantidade de animais vivos ofertada e o volume demandado pelos frigoríficos para o abate.

Estabilidade dos Preços Internos

O preço do suíno vivo se manteve no patamar de R$ 8/kg, como observado desde o começo de outubro na região de São Paulo. Em novembro, a média do quilo do animal vivo posto na indústria em SP-5 (regiões como Campinas e Sorocaba) foi de R$ 8,79.

Esta estabilidade foi replicada em outros estados importantes, como Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina, onde o preço se encontra neste nível desde meados de setembro. O que sugere um momento de rentabilidade positiva para o suinocultor.

  • Suíno vivo em SP: Média de R$ 8,79/kg em novembro.
  • Variação Mensal em SP: Apenas +0,1%.

Custos sob Controle, mas em Risco

Apesar da alta nos preços dos principais insumos entre outubro e novembro – o milho subiu 3,4% e o farelo de soja, 5,6% –, os custos de produção não pressionaram significativamente o produtor. Isso porque os valores atuais do cereal e do derivado de soja ainda se encontram abaixo da média registrada em 2025. No entanto, a alta recente indica uma necessidade de atenção para o controle de custos futuros.

Carne Suína no Atacado

No mercado atacadista da Grande São Paulo, a carcaça casada especial registrou uma pequena valorização de 0,7% de outubro para novembro. A média de preço ficou em R$ 12,63/kg.

A carcaça suína especial demonstrou maior competitividade frente à proteína bovina. A diferença de preço entre a carcaça suína e a casada bovina aumentou de R$ 9,1/kg em outubro para R$ 10,0/kg em novembro, uma ampliação de 9,8% no diferencial. Isso mostra que, em boa parte de 2025, o preço da carne suína esteve bastante atrativo ao consumidor. O diferencial médio de 2025 (R$ 9,47/kg) superou em 36% a média de 2024.

  • Carcaça Especial: Média de R$ 12,63/kg.
  • Diferencial contra a Bovinas: Atingiu R$ 10,0/kg em novembro.

Por outro lado, a carne suína perdeu competitividade em relação ao frango. O aumento da diferença de preço foi de 5,9% entre outubro e novembro, chegando a R$ 4,82/kg a favor do frango.

Exportações em Queda Pontual

Os embarques brasileiros de carne suína in natura registraram uma queda de 26,3% de outubro para novembro. O volume total exportado em novembro foi de 105,2 mil toneladas, o menor volume desde janeiro de 2025.

Apesar da queda mensal, o acumulado do ano mostra um forte desempenho. O Brasil já exportou 1,35 milhão de toneladas até novembro de 2025, superando o volume total de 2024 (1,33 milhão de toneladas). A receita acumulada também está acima do ano passado, somando R$ 3,27 bilhões. Os principais destinos da carne suína brasileira incluem Filipinas, China e Chile.

Oportunidade Global: Peste Suína Africana na Espanha

Um fator externo pode reverter a queda pontual nas exportações. A confirmação de nove casos de Peste Suína Africana (PSA) na Espanha, o maior produtor de carne suína da União Europeia, levou à interrupção de cerca de um terço das exportações espanholas.

Isso cria uma oportunidade para o Brasil, já que nações importantes como México e Japão suspenderam integralmente as importações da Espanha. A China, por sua vez, bloqueou apenas os embarques da província de Barcelona. O Brasil, que já tem esses países como destinos importantes, pode intensificar seus embarques para suprir a demanda.

Poder de Compra do Produtor Paulista

A relação de troca, que mede o poder de compra do suinocultor, tornou-se mais desfavorável em novembro, principalmente devido à valorização do milho e do farelo. Em setembro, o produtor havia registrado a melhor relação de troca de suíno vivo por farelo dos últimos 20 anos.

Em novembro:

  • Suíno/Farelo: Caiu para 5,08 quilos de farelo por quilo de suíno vivo. Foi o menor poder de compra desde junho.
  • Suíno/Milho: Caiu para 7,84 quilos de milho por quilo de suíno vivo. Este foi o momento mais desfavorável do semestre para o produtor.

A valorização do milho (3,4%) foi influenciada pela intensificação das exportações do cereal e pela retração de vendedores no mercado spot. Já o farelo de soja (5,6% de alta) teve alta demanda interna e externa.

Perspectivas

O cenário de novembro de 2025 para a suinocultura brasileira é de estabilidade interna, apesar da perda de poder de compra do produtor rural. A queda pontual nas exportações não apaga o saldo positivo do ano, que já superou o total de 2024. O grande ponto de inflexão reside na crise sanitária europeia, que coloca o Brasil em uma posição estratégica para intensificar o fornecimento global. Como o setor aproveitará essa oportunidade definirá os rumos das exportações em 2026.

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