A Corrente Virtuosa da Gestão de Risco Climático
A simples consideração de um cenário de mudanças climáticas, dentro do gerenciamento de risco de negócio, já pode produzir profundas transformações nas diversas cadeias produtivas do agro.
Considerar o cenário de mudanças climáticas, dentro do gerenciamento de risco de negócio, já promove melhorias.
A sustentabilidade e a agropecuária de baixo carbono, auxiliadas pela gestão de risco climático, representam grandes oportunidades e ampliação do campo da inovação para o agronegócio brasileiro. E essa inovação produz profundas transformações nas cadeias produtivas.
A demanda por acurácia no monitoramento é uma oportunidade de expansão da conectividade.
Durante a live da Revista Globo Rural “Os impactos do clima para o agro”, um dos aspectos abordados foi a diferença de monitoramento dos eventos climáticos, feita no Brasil em comparação a países como o Canadá.
Considerar o clima (com os fenômenos naturais, cíclicos e atípicos) para gestão de risco climático, aumenta a demanda por soluções de monitoramento. Além disso, demanda novas aplicações que utilizam o Deep Learning para insights cada vez mais precisos.
Outro aspecto importante é o gargalo de conectividade, citado na live Globo Rural. Porém esse entrave à inovação parece estar sendo solucionado.
O site AGFeed trouxe uma novidade sobre a oferta de conectividade no campo. Que deve ser impulsionada pela parceria entre a Vivo e a Starlink (por intermédio da espanhola Telefonica). O acordo, que já vigora em outros países, promete dar mais robustez ao ecossistema de conectividade, tão importante para o agronegócio.
Economia de Baixo Carbono e Redução de Emissões dos GEE
Dentro do quadro de gerenciamento de risco climático, entram também as emissões de GEE (Gases do Efeito Estufa). No framework de uma agropecuária de baixo carbono, a introdução de sistemas integrados traz mudanças. Temos um movimento de redução de emissões, ao mesmo tempo que a agricultura, pecuária e floresta, interagem em harmonia, favorecendo a produtividade.
No entanto, a redução nas emissões é apenas o começo. Com o aperfeiçoamento dos sistemas integrados, juntamente com a melhoria genética das plantas, as propriedades convertem-se em pólos de Balanço de Carbono Negativo.
O Balanço de Carbono Negativo é quando as emissões são menores que o sequestro de carbono durante o ciclo produtivo.
Os créditos de carbono gerados pelo balanço negativo passam a ser um produto. Negocia-se esses ativos, ou utiliza-se para geração de valor, dentro da demanda crescente por produtos com alto valor reputacional.
A lucratividade é parte da sustentabilidade da atividade a longo prazo.
Toda essa cadeia de geração de valor tende a aumentar os recebíveis das fazendas. E isso representa muito mais que aumento da lucratividade, especialmente na pecuária. Neste caso, os créditos e o valor agregado entram na mitigação do risco financeiro. Especialmente nos períodos de oscilação negativa de preços.
É importante ressaltar que o ciclo de produção da carne bovina é uma atividade de alto risco. E uma proteção e reserva de valor será sempre importante para reduzi-lo. Considerando que a redução do risco financeiro diminui a pressão sobre o fluxo de caixa, é uma corrente de efeitos positivos. Por esse motivo, o custo de produção também tende a baixar, e a atividade permanece lucrativa e sustentável por muito mais tempo.
Manejo do Solo na Gestão de Risco Climático
Uma planta pode não ter a produtividade desejada por uma série de fatores. Um deles é pela disponibilidade de recursos hídricos em falta ou em excesso. Neste caso, o gerenciamento de risco climático demanda uma combinação com o monitoramento do solo.
A Embrapa publicou recentemente um estudo sobre a avaliação do solo na gestão de risco climático. A análise é feita através de uma matriz que considera os 4 estágios definidos pela pesquisa. Em combinação com as seis texturas de solos catalogados pela própria Embrapa.
Essa inovação traz 24 combinações, relacionadas à classificação de disponibilidade de água. E compõem uma matriz de profunda acurácia para a avaliação do risco hídrico.
As Contribuições da Gestão de Risco Climático Continuam
Até aqui, foram citadas apenas algumas contribuições que o estudo do clima pode trazer. No entanto, as contribuições para os planos de mitigação de perdas também existem. Neste ponto, o conhecimento sobre os efeitos dos eventos climáticos ajuda a reduzir perdas. Por conta disso, afeta positivamente a cadeia de financiamento e seguros.
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Quanto menores os riscos ou mais precisos forem os diagnósticos, menores os custos. Essa redução de custos, claro, tem efeitos benéficos em cascata. Podendo chegar até os mercados spot, onde cada redução de risco conta nas negociações.
Considerar o clima como um fator de risco dentro do agronegócio, pode garantir o futuro do setor.
Sejam os fenômenos climáticos naturais, cíclicos ou atípicos, de origem antropogênica ou não. Conhecer o clima em todas as suas características demanda inovação, melhoria de processos, coleta de dados confiáveis e distribuição eficiente da informação. Que, por sua vez, gera manejo eficiente, insights precisos, mais segurança na tomada de decisões e uma busca incessante pela eficiência.
A gestão do risco climático vai garantir que o produtor, acima de tudo, não será pego de surpresa por um quadro de mudanças, que poderia ter sido previsto.
Referências
Revista Globo Rural
AGFeed
Portal DBO
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