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Tecnologia em sementes impulsiona restauração dos biomas brasileiros

Parceria da Embrapa e Morfo Brasil aposta em inovação para recuperar 12,5 milhões de hectares até 2030. Agronegócio deve se beneficiar da tecnologia.

Imagem: Istockphoto.com

A meta é ambiciosa: restaurar 12,5 milhões de hectares de áreas degradadas no Brasil até 2030. No entanto, o sucesso desse emrpeendimento depende de um avanço tecnológico sem precedentes no manejo de um organismo vivo e complexo: a semente florestal.

Nese sentido, uma parceria estratégica entre a Embrapa Agrobiologia e a startup Morfo Brasil, a pesquisa agropecuária brasileira está embarcando nas sementes a chave para transformar a restauração em um processo eficiente, escalável e economicamente viável.

Precisão vencendo as incertezas

Trabalhar com espécies nativas da Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica apresenta um desafio que a agricultura tradicional não enfrenta todos os dias, a diversidade extrema. Enquanto a soja e o milho, por exemplo, possuem protocolos mundiais consolidados e variedades limitadas, muitas árvores nativas ainda são “caixas-pretas” biológicas.

A tecnologia entra em cena para padronizar o desconhecido e vencer as incertezas através de avaliações rigorosas de pureza, peso, teor de água etc. Protocolos modernos de germinação permitem identificar quais espécies precisam de métodos específicos de superação de dormência — processos físicos ou químicos que “avisam” à semente que é hora de acordar.

Impacto econômico e sustentabilidade

A inovação preenche a lacuna da viabilidade financeira. Segundo pesquisadores da Universidade de Sidney, são estimadas de 3,6 mil a 15,6 mil toneladas de sementes para cobrir a área estipulada. Ou seja, a qualidade e disponibilidade do insumo impacta no resultado.

“O estudo mostra que, na técnica de semeadura direta, que demanda grande quantidade de sementes, são necessários cerca de 37 quilos de sementes de baixa qualidade por hectare, considerando a taxa de menos de 30% de germinação. Já com sementes de alta qualidade seriam suficientes apenas 17 quilos por hectare, com mais de 45% de germinação”.

Juliana Müller Freire, da Embrapa Agrobiologia (RJ)

Em termos práticos, na semeadura direta, investir em tecnologia de sementes reduz pela metade a quantidade de material necessário, derrubando a demanda de 37 kg para apenas 17 kg por hectare, barateando o custo logístico e operacional de grandes projetos.

A revolução da conservação e armazenamento

Um dos maiores gargalos da restauração é a sazonalidade. A tecnologia de conservação permite que o mercado de sementes funcione o ano todo, e não apenas nas épocas de colheita. Ajudando a vencer obstáculos como:

  • Sementes Recalcitrantes: Espécies cujas sementes não toleram secagem exigem controle tecnológico de umidade e temperatura para evitar fungos e perda de viabilidade.
  • Logística Inteligente: Saber que um ipê dura apenas três meses sob condições normais, mas pode ser prolongado com refrigeração controlada, permite que redes de coletores comunitários gerenciem seus estoques sem prejuízos.

“Algumas espécies, como a braúna, podem durar nove meses em ambiente não controlado. Já o ipê costuma durar apenas três meses. Então, já sabendo disso, o coletor pode preferir armazenar o ipê na geladeira, visto que também há limitação de espaço nos equipamentos. Ou já vai saber que não dá para comercializar o ipê que foi coletado há mais de três meses e que não foi armazenado em condições controladas de temperatura”.

Juliana Müller Freire, da Embrapa Agrobiologia (RJ)

Drones e Inteligência Artificial na dispersão

A Morfo Brasil exemplifica o ápice da tecnologia aplicada ao setor ao unir a biologia da Embrapa com Inteligência Artificial e Drones. O processo envolve:

  • Encapsulamento: Proteção da semente para suportar condições adversas no solo.
  • Mapeamento por IA: Identificação dos melhores locais para a dispersão, garantindo que a semente certa chegue ao solo com a nutrição necessária.
  • Monitoramento Remoto: Acompanhamento do desempenho das sementes via dados, permitindo correções rápidas em tempo real.

Considerações finais

A tecnologia aplicada à semeadura para recuperação dos biomas pode moldar o futuro da agricultura de precisão no Brasil, já que todo o conhecimento acumulado pode impactar diretamente do desenvolvimento de novas sementes à dispersão.

De modo que cada grão lançado ao solo tenha o máximo potencial de se transformar em floresta, lavoura ou pasto, otimizando recursos e tornando cada ponto do talhão mais eficiente, rentável e sustentável.

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