BRS Jacundá triplica produção de mandioca na Amazônia

A segurança alimentar e a economia de milhares de agricultores no Amazonas estão diretamente ligadas à cultura da mandioca. Contudo, a produção enfrenta o desafio da baixa produtividade média, de apenas 10.560 quilos por hectare (kg/ha).

A inovação chega com a BRS Jacundá, uma nova cultivar desenvolvida pela Embrapa. Ela apresenta potencial para superar os 30.000 kg/ha, prometendo um salto de mais de 300% na colheita. Esta mudança é crucial para fortalecer toda a cadeia produtiva da região.

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O Papel da Pesquisa para o Campo

Esta variedade é o resultado de um trabalho incansável. Foram mais de duas décadas de pesquisa e melhoramento genético, um processo que começou em 1997 com a coleta de material genético no interior do Amazonas.

O foco da Embrapa Amazônia Ocidental, em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura, foi justamente encontrar materiais genéticos com características agronômicas superiores e que estivessem totalmente adaptados ao clima e ao solo de terra firme local.

Este esforço demonstra como a ciência agropecuária é um motor essencial para incorporar a sustentabilidade. Afinal, ao aumentar a produtividade na mesma área, a cultivar reduz a necessidade de abrir novas áreas. Ela mantém o produtor no caminho da eficiência e da preservação dos recursos.

Por Que a BRS Jacundá Faz a Diferença

A mandioca é vital, seja consumida in natura ou transformada em farinha e tucupi. A nova cultivar atende a uma demanda regional importante: ela tem polpa de coloração amarela. Esta característica é a preferida para a produção da farinha de mesa no Amazonas. Em microrregiões como a do Médio Solimões, onde o cultivo é a principal atividade econômica e se concentra em apenas uma variedade, a “Catombo”, a inovação chega em boa hora.

Esta dependência única gera um risco real de erosão genética. Isso significa que os plantios ficam mais vulneráveis a pragas e doenças. A introdução da BRS Jacundá oferece uma alternativa mais robusta e resiliente, essencial para a longevidade do negócio rural. É a diversificação trazendo segurança ao produtor.

Vantagens na Lavoura

A aceitação pelos agricultores tende a ser alta. A BRS Jacundá possui um conjunto de qualidades que simplificam o manejo e melhoram o resultado final:

• Produtividade de raízes muito superior à média regional.
• Polpa amarela, ideal para a produção da farinha e do tucupi.
• Alto teor de amido.
• Tolerância às principais pragas e doenças da região.
• Alta disponibilidade de manivas-sementes.

Soluções de Manejo Sustentável

Para alcançar a máxima produtividade e garantir a saúde do solo, a Embrapa recomenda práticas culturais de baixo custo e fácil adoção. A chave é evitar o plantio sucessivo na mesma área por mais de dois anos. Essa prática, se mantida, leva à degradação física, química e biológica do solo.

A rotação de culturas é o caminho para evitar que os agricultores incorporem novas áreas ao processo produtivo. Usar outras espécies na área já ocupada recupera o solo. As espécies recomendadas são as gramíneas (como milho e sorgo) e as leguminosas (como feijão-caupi, mucuna, tephrosia e flemingia).

O plantio da BRS Jacundá deve ser feito no início do período chuvoso, entre novembro e dezembro. Já a colheita ideal varia de oito a dez meses após o plantio.

“Com isso, ela deve contribuir para a segurança alimentar e para o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca no estado do Amazonas.”

Ferdinando Barreto, Pesquisador da Embrapa.

A BRS Jacundá é um exemplo claro de como a tecnologia é a ferramenta mais sólida para resolver grandes desafios no campo. O lançamento reforça a segurança alimentar e a renda dos agricultores, mostrando que a inovação é o caminho para uma produção que une alta eficiência econômica e responsabilidade socioambiental.