Inovação genética do tomate eleva produção e a resistência do campo
Pesquisa inédita revela o papel de um gene que permite à planta crescer com folhas verticais. Isso otimiza o manejo e garante colheitas maiores.
A ciência do agronegócio deu um salto importante para a sustentabilidade da cultura do tomate. Pesquisadores brasileiros, em colaboração com o Uruguai, identificaram o gene exato que controla a arquitetura das folhas da planta, tornando-as eretas. Essa descoberta, validada por edição genética, permite desenvolver novas cultivares que suportam melhor o calor e maximizam a área plantada, gerando mais eficiência no campo.
A pesquisa, parceria entre Embrapa, Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Nacional de Investigación Agropecuaria (Inia) do Uruguai, concluiu que essa nova arquitetura vegetal impacta diretamente o manejo e a produtividade. Plantas com folhas verticais se adaptam melhor a sistemas de cultivo intensivo. O ângulo da folhagem minimiza a incidência direta do sol.
Conforto Térmico e Economia de Água
Para a planta, o benefício é imediato. Ao reduzir a exposição ao sol nas horas mais quentes, há menor estresse por calor. Consequentemente, a planta sofre menor perda de água por evapotranspiração. Em sistemas de produção, o ganho de conforto térmico contribui para a longevidade da cultura.
“Nas plantas convencionais de tomate, com folhas na posição horizontal, nas horas mais quentes do dia, sob o sol das 11h às 15h, ocorre um estresse oxidativo mais intenso. Quando as folhas são eretas, a planta sofre menor evapotranspiração, o que acaba gerando um tipo de proteção térmica.”
Matias González-Arcos, pesquisador do Inia.
O foco na inovação demonstra um caminho para incorporar a sustentabilidade ao processo produtivo. A posição mais vertical das folhas otimiza o controle químico e biológico de doenças, como oídio, e pragas, especialmente moscas-brancas. É muito difícil alcançar a parte inferior das folhas com pulverizações em plantas com folhagem horizontal.
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Estratégia Contra Pragas e Maior Adensamento
Essa mudança demonstrou ser uma barreira natural contra a mosca-branca. Em testes, plantas modificadas para o porte ereto receberam 2,5 vezes menos insetos. Essa resistência é atribuída à maior exposição da superfície inferior da folha, que é o local preferido para a postura de ovos.
“Plantas editadas receberam até 2,5 vezes menos insetos, possivelmente devido à maior exposição das superfícies abaxiais das folhas – local preferido para a postura de ovos – às condições ambientais e inimigos naturais, desfavorecendo a colonização.”
Pedro Brício Brito Fernandes, estudante da UnB.
A identificação do gene ocorreu após pesquisadores da Embrapa observarem uma mutação natural em sua coleção de germoplasma. A localização exata do gene no cromossomo 10 do tomateiro foi encontrada com o auxílio de marcadores moleculares de DNA. A função foi confirmada com o uso da ferramenta de edição genética CRISPR-Cas9.
O conhecimento não se restringe ao tomate. Estudos de filogenia indicam que genes similares estão presentes em diversas espécies, como:
- Milho
- Pêssego
- Outras espécies herbáceas e arbóreas
Este avanço estabelece uma base genética sólida. A integração de ferramentas genômicas modernas com o melhoramento tradicional acelera o desenvolvimento de novas cultivares.
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