Clima e Greening Desafiam a Citricultura, Colheita pode ser a Menor desde 1988.
As projeções de queda de produtividade na citricultura podem devolver o setor aos números de 36 anos atrás. O clima e o greening são as causas principais e devem servir de alerta para a agropecuária brasileira.
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As ameaças aos pomares brasileiros não se resumem apenas a doenças como o Greening. Os riscos climáticos também encontram seu papel decisivo na equação do agro, cada vez mais complexa. As implicações são inúmeras e podem inviabilizar o domínio setorial brasileiro.
Os eventos climáticos, com efeitos cada vez mais extremos, têm provocado grandes prejuízos ao agronegócio. As chuvas no Rio Grande do Sul prejudicaram os produtores, assim como as secas ou o excesso de chuva prejudicaram a soja e o milho no centro-oeste, para citar alguns exemplos dos efeitos do El Niño na agricultura.
O sinal de alerta das colheitas de milho e soja do ciclo 2023/24, que sofreram com as janelas de plantio e colheita incertas, demonstram a complexidade do encaixe do clima no planejamento da safra. O que coloca o agro brasileiro diante de um gerenciamento de riscos que contemple a sustentabilidade das cadeias produtivas, em um ambiente em mudança.
Clima e Greening Ameaçam Pomares Brasileiros
No caso da citricultura os efeitos tornam-se ainda mais graves. Pois, na cultura da laranja, a recomposição dos pomares não acontece de uma safra para outra. Por isso a instabilidade do clima ganha contornos mais dramáticos.
O combate ao greening já era um desafio à produção no cinturão citrícola. Agora, ganha uma variável mais desafiadora com as mudanças climáticas, que podem adicionar mais incertezas à viabilidade econômica dos pomares em regiões específicas.
O Aspecto Econômico da Citricultura
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo, com grande hegemonia na exportação de suco de laranja (76% do mercado mundial). Esse ativo comercial pode sofrer não somente com a queda de produtividade, mas também com a inviabilidade dos pomares no curto prazo.
O que abre espaço para novos fornecedores entrarem no negócio, com grandes perdas de share que podem custar muito para serem recuperadas. Por isso, os riscos de clima ou de pragas (mas não somente) são pautas urgentes, especialmente, do ponto de vista dos produtores.
Meio Ambiente em Mudança
O clima, como um dos componentes ambientais do agronegócio, precisa ser compreendido. Suas novas matizes devem ser consideradas seriamente pois, caso os eventos raros estejam se tornando mais frequentes ou intensos, é sinal que algo já mudou!
A combinação entre greening e clima já chegaram aos pomares
Os efeitos dessa combinação explosiva já podem ser sentidos nas projeções de safras da citricultura brasileira. A reestimativa (setembro) da safra de laranja 2024/25 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, prevê uma colheita 7% menor que o estimado em maio.
Os números divulgados pelo Fundecitrus no dia 10/09/2024 apontam volume de 215,78 milhões de caixas de 40,8 kg, o que representa uma diminuição de 16,6 milhões de caixas em relação à expectativa anterior.
Impactos Diretos do Clima nos Pomares
- Menor tamanho dos frutos, por causa do clima quente e seco;
- Evapotranspiração intensa, agravando a severidade da seca;
- Maturação dos frutos mais rápida por causa do calor;
- Ritmo de colheita mais rápido;
Os fatores citados são grandes ameaças aos pomares brasileiros, especialmente quando consideramos o volume produzido em caixas de 40,8 kg. Embora a colheita mais rápida tenha mitigado o risco de produtividade, em certa medida, o adiantamento do ciclo tem suas implicações.
O peso dos frutos impacta diretamente no volume de produção. Segundo a primeira estimativa (maio/24) o tamanho médio estava em torno de 169 gramas. Na reestimativa, houve uma redução significativa, os frutos estavam com tamanho médio de 155 gramas, o que significaria 23 laranjas a mais para completar uma caixa de 40,8 kg, em relação a maio.
A taxa de queda dos frutos também foi reduzida, em maio era 18,50%, na reestimativa de setembro 17,10%. Essa redução é parte do plano de mitigar os impactos na produtividade, pois ajuda a reduzir as perdas pelo greening e pelo clima.
Leia a Reestimativa de Safra de Laranja no Cinturão Citrícola – Set/2024
Projeções Desanimadoras na Citricultura
Apesar das medidas mitigadoras, que surtiram efeito na taxa de queda de frutos, o cenário ainda é incerto. Os produtores esperam uma melhora, à medida que a colheita avança para a quarta florada, considerada mais expressiva nesta safra.
“O volume da quarta florada é muito mais expressivo nesta safra do que nas anteriores. Nas próximas semanas, vamos fazer um levantamento de campo para apurar o índice de pegamento e tamanho desses frutos. Esse trabalho é necessário, excepcionalmente nesta safra, porque a quarta florada ainda estava acontecendo em alguns talhões quando a contagem de frutos foi realizada em março e abril deste ano”, comentou Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus.
Menor Patamar de Produção da Série Histórica
O quadro histórico de produção das principais laranjas demonstra uma série histórica, documentada de 1988/89 a 2014/15 pela CitrusBR e, a partir de 2015/16, pelo Fundecitrus. Segundo os dados disponíveis, a citricultura teve seu auge no ciclo 2000/2001 com 436 milhões de caixas produzidas.
Já a menor produtividade da série foi identificada no ciclo 1988/89, quando foram produzidas 214 milhões de caixas de 40,8kg. Desde então, o menor patamar da série histórica havia sido registrado no ciclo 2017/18 com 245 milhões de caixas.
Para o ciclo 2024/25, as estimativas são de uma produção de 215,78 milhões de caixas de 40,8kg de laranja, o segundo pior resultado do setor ao longo de 36 anos. Quando falamos em toneladas, a diferença fica ainda menor entre os piores patamares históricos, 8,7 toneladas em 1988/89 contra 8,8 toneladas em 2024/25.
Gestão Estratégica de Riscos
Neste contexto, a gestão de risco climático deve ser uma política ativa e um assunto de caráter estratégico. Seus efeitos não estão somente na queda de produtividade, mas na queda de receitas importantes para o país.
As mudanças no clima também deves ser consideradas no manejo de pragas, já que extremos de calor ou chuva são fenômenos que trazem efeitos colaterais como pragas, exóticas ou não. Formando uma equação perigosa para todo o setor agropecuário.
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