Versatilidade de Forrageiras pode Ser a Chave para Alimentos Mais Baratos no Semiárido

O uso do feijão guandu, adaptado ao semiárido, pode dar escala ao alimento e reduzir custos nos mercados bem como na produção de carne de ovinos, caprinos e bovinos.

Alimentos Mais Baratos no Semiárido. Imagem: Istockphoto.com
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O preço dos alimentos é sempre tema de discussões, tanto pela pressão inflacionária, que afeta a taxa básica de juros, quanto pelo custo social que impõe. Apesar de não ser a única variável, o custo de produção é uma das peças do quebra-cabeças que pode ser otimizada.

Uma das primeiras medidas para a redução de custos é a escala de produção que, além de ampliar as bases e dirimir custos unitários, ajuda a atrair mais investimento em inovação e melhoria constante. No caso do agronegócio, versatilidade e adaptabilidade são premissas que devem fazer parte da equação.

Uma pesquisa realizada em parceria entre Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), Embrapa Pecuária Sudeste (SP), do Campus de Boa Viagem e de Crateús do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e do campus de Sumé (PB) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), trouxe uma inovação capaz de produzir alimentos mais baratos no semiárido.

Feijão Guandu ajuda a reduzir custos da produção de alimentos no semiárido.

O feijão guandu, também conhecido como andu, é uma leguminosa forrageira cuja versatilidade permite inseri-la no cardápio das mais diversas espécies (humanos, ovinos, caprinos e bovinos).

A planta é altamente conhecida na cadeia produtiva de corte com aplicação no manejo substitutivo do concentrado, geralmente formado de soja, milho e outros farelos; cujos altos custos acumulados e a competição com as exportações encarecem a proteína produzida.

Com o guandu, você tem uma forrageira leguminosa que ajuda a diminuir os custos de concentrado. E você balanceia a alimentação dos animais com teor nutritivo mais elevado, principalmente proteína, tanto folhas, quanto grãos.

Fernando Guedes, pesquisador da Embrapa.

Estudos com o Guandu Duraram 3 anos e Envolveram Cultivares de Mercado

A pesquisa incluiu 4 cultivares comerciais e 17 genótipos experimentais elites, cujo potencial pode levá-las a mercado. As plantas foram cultivadas em áreas experimentais em Sobral (CE), Boa Viagem (CE) e Sumé (PB), sob clima semiárido quente e com pluviosidade média entre 400 e 800 mm.

O Objetivo era identificar a cultivar que oferecesse estabilidade, resiliência e a melhor produtividade para as condições descritas. Além disso, características como dias para florescimento e altura da planta também foram levadas em consideração.

Após 3 anos de estudos, a cultivar Super N cuja produtividade média de matéria seca de forragem ficou acima de 6,2 mil kg/ha (16% mais produtiva que a segunda cultivar mais eficiente) foi escolhida como a mais apta.

Alimentos Mais Baratos e Mais Sustentabilidade no Semiárido

A pesquisa com o feijão guandu abre portas para escalar da cultura, seja para alimentação direta dos humanos ou cruzada, através da proteína animal. Além da redução de custos, uma cadeia de inovação pode surgir, gerando mais eficiência e impactos econômicos e sociais no agronegócio do semiárido.

O andu, além de fonte de proteínas, fibras, vitaminas e minerais, apresenta raízes profundas e ramificadas que ajudam na Fixação Biológica de Nitrogênio, gerando um adicional de sustentabilidade e reduzindo custos com o preparo do solo.

A escala, aliada à FBN e à alta produtividade, adaptada às condições do ambiente, pode ajudar o guandu a ganhar força e chegar a melhores preços a consumidores e produtores de proteína animal caprina, bovina e ovina. Com efeitos na competitividade das cadeia produtivas e na exportação.

A tecnologia aguarda testes em áreas maiores para validação do manejo, mas não deverá sofrer com reputação nem capilaridade. Surgindo como uma evolução da já validada Super N, que é uma solução disponível no mercado. Facilitando a adoção do manejo, com potenciais impactos de menor prazo na formação dos preços dos alimentos no semiárido.

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