Risco Fitossanitário Ameaça o Agro Brasileiro. Combinação de Fatores é Agravante.

As notícias sobre a identificação do H5N1 no Brasil acendem alerta para os riscos fitossanitários das cadeias produtivas, especialmente se combinados a outros fatores como riscos climáticos.

Risco Fitossanitário Ameaça o Agronegócio Brasileiro. Imagem: Istockphoto.com
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O risco fitossanitário ameaça o agronegócio brasileiro e combinação de fatores (outros riscos) pode ter consequências gravíssimas, de difícil recuperação no curto e médio prazos.

Gripe Aviária no Agro Brasileiro

As recentes notícias sobre a Identificação de foco de H5N1 preocupam as autoridades, seja pela proporção que a doença pode tomar, bem como os prejuízos financeiros e reputacionais da carne de frango brasileira. Já que alguns países anunciaram a interrupção da importação de produtos avícolas brasileiros.

As consequências do aumento de casos e identificação de mais focos pelo Brasil afora são um alerta para uma variável que tem poder destrutivo sobre o agronegócio brasileiro, que é o Risco Fitossanitário.

Risco Fitossanitário Ameaça o Agronegócio Brasileiro.

Entre o fim de 2024 e início de 2025, o Brasil teve um grande impacto positivo em sua avicultura com o aumento repentino da exportação de produtos avícolas para os Estados Unidos, afetados pelo surto de gripe aviária no agronegócio americano.

Agora é o Brasil que sofre com o risco da doença, que pode sair do controle e inviabilizar boa parte do rebanho, acarretando problemas econômicos gravíssimos no setor como: queda brusca da produção, endividamento dos produtores, quarentena de propriedades, perda de material genético valioso.

Além disso, um problema de difícil solução pode surgir no horizonte, com relação à reputação da carne brasileira. Um ativo construído no longo prazo, que pode retroceder fortemente com um problema fitossanitário desta magnitude. Isso, sem contar os riscos à contaminação de humanos.

Brasil Investe em um Agro Sustentável

A análise de riscos setoriais é de extrema importância para a resiliência das cadeias produtivas. Não é à toa que o Brasil, referência mundial no agro, lidera a pesquisa agropecuária em processos sustentáveis, em busca de uma produção mais eficiente e eficaz.

Manejos como os Sistemas Integrados de Produção (ILPF, ILP, IPF) são exemplos de um agro mais sustentável, que privilegia o balanço de carbono das propriedades, o uso racional dos recursos e diversos ciclos produtivos, equilibra lucratividade e impacto ambiental e social.

Além disso, o manejo racional dos animais com o uso de homeopatia para tratamento do gado reduz o risco de uso intensivo de medicamentos, que podem gera resistência nos patógenos. O que seria grave para o setor da pecuária, que mantém sob rígido controle a sanidade dos animais.

Manejos Tecnológicos

A utilização de manejos mais tecnológicos como a agricultura de precisão, o melhoramento genético das plantas e o uso de biológicos no controle de pragas, também são exemplos de práticas do agronegócio brasileiro.

Quando bem trabalhas, essa práticas ajudam a equilibrar o uso das soluções para manter a qualidade do alimento, a sanidade de plantas e animais, evitar o desenvolvimento de resistência ao controle de pragas e afastar o risco fitossanitário.

Risco Fitossanitário é Agravado sob Combinação de Fatores

Embora haja um grande esforço do setor agropecuário brasileiro no controle fitossanitário dos rebanhos, casos como a Identificação de foco de H5N1 devem ser tratados com lupa não apenas pelo controle da doenças, mas também pela descoberta de como ela chegou ao território nacional.

Desta forma é possível monitorar e prevenir para que novos casos não ocorram. Bem como uma combinação de riscos possa se tornar uma catástrofe para o setor agropecuário brasileiro.

Riscos como o quadro de mudanças climáticas (o clima é um ativo fundamental do agro), juntamente com o risco fitossanitário (contaminação da água, solo, sementes, animais etc) afetam diretamente a produção naquilo que lhe é mais caro. Por isso, a combinação de fatores é um agravante que não pode ser ignorado.

Risco Climático Aumenta a Incidência de Pragas

Um estudo conduzido pela Embrapa avaliou 304 patossistemas (patógenos + plantas) relacionados a 32 das principais culturas agrícolas brasileiras. As conclusões foram alarmantes sobre a relação da incidência de pragas em um quadro de mudanças climáticas.

Conforme a pesquisa, aproximadamente 46% das doenças agrícolas no Brasil devem se tornar mais severas até 2100, com destaque para o impacto na produção de arroz, milho, soja, café, cana-de-açúcar, hortaliças e frutas.

“A previsão de doenças em um cenário de mudança climática é um desafio complexo que exige a continuidade das pesquisas e implementação de novas estratégias de adaptação”.

Francislene Angelotti, pesquisadora da Embrapa Semiárido (PE).

Isso porque o aumento das temperaturas pode tornar o cenário mais propício à disseminação dos patógenos. Períodos secos ou muito úmidos podem favorecer o desenvolvimento dos agentes nocivos com adiantamento de seu ciclo de vida.

O ciclos de vida mais curtos podem manter as pragas mais tempo se reproduzindo e aumentar o risco de permanência das infestações. Pulgões, cochonilhas, tripes, moscas-brancas e ácaros são reportados pelos pesquisadores como os mais importantes. 

“O enfrentamento desses desafios exige políticas públicas eficazes e um esforço coordenado entre agricultores, cientistas e governos para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola”.

Francislene Angelotti, pesquisadora da Embrapa Semiárido (PE).

Ameaça Fitossanitária pode Combinar Diversos Fatores

O aumento de pragas ou a incidência de doenças no rebanho, como o H5N1 podem ser analisadas como riscos fitossanitários separados. Mas eles podem ter uma conexão, dependendo do contexto que analisamos.

No caso de H5N1, a causa pode estar associada ao fluxo de aves migratórias que poderiam trazer a doença para o Brasil. Imagine que um quadro de mudanças no clima possa afetar o fluxo dessas aves. Isso cria uma dinâmica de interação de riscos indesejável para o setor.

Outro exemplo re risco fitossanitário, desta vez associado ao risco financiero. O acesso restrito ao crédito ou indisponilibilidade, pode levar os produtores a buscarem de maquinário agrícola em países vizinhos, trazendo riscos às lavouras nacionais, como ocorreu no Paraná, em 2024.

Considerações Finais sobre o Risco Fitossanitário

O estudo detalhado sobre a ampla gama de riscos envolvidos na gestão fitossanitária do agronegócio brasileiro torna-se essencial e estratégico para o país, que conta com o agro para compor seu Produto Interno Bruto (PIB)

Conhecer os patógenos e sua incidência na ampla diversidade agrícola e climática no vasto território nacional; e a maneira como eles afetam lavouras e rebanhos deve ser acompanhada com avaliações regionais, intensificando a cooperação entre os agentes do agro pelo Brasil.

A coordenação da geração e análise desses dados deve fundamentar novas pesquisas agropecuárias, bem como o desenvolvimento de planos de manejo preventivos, corretivos e emergenciais, de modo que ao menor sinal regional, toda a cadeia de alerta seja acionada para o monitoramento e controle em tempo real.

Além disso, inovações como a edição genética de animais e plantas deve fazer parte do cardápio de inovações para a mitigação do risco fitossanitário, bem como o melhoramento genético para a mitigação de riscos climáticos. Desta forma, o setor vai mitigando riscos individuais, mas também se protege de uma combinação de fatores, de ocorrência previsível e consequências imprevisíveis.

Investir na gestão de risco de negócio é tornar os macroprocessos mais eficientes também em desviar de armadilhas, para não sermos pegos de surpresa por algo que poderia ter sido previsto e, portanto, evitado.

REFERÊNCIAS: Doenças em lavouras devem se intensificar com as mudanças climáticas, alerta Embrapa.

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